Deixe Ela Entrar / Deixe-me Entrar

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Em 2008 estreou o filme sueco Let the right one in (Deixa ela entrar) e causou um considerável burburinho entre o público que gosta de cinema alterntivo. Todo esse frisson se deve ao fato de que o filme trouxe elementos que o cinema não via  a bastante tempo e um deles é o clássico tema Vampiros, retratado sob uma ótica tão diferente e particular.

O filme é um drama com toques de suspense. Ele conta a história de um menino chamado Owen (Oskar no original), introvertido, retraído, fragilizado pela separação dos pais e constantemente agredido pelos colegas de turma, conhece a misteriosa Abby (antes Eli), menina que mudou-se para o apartamento ao lado. Com o passar do tempo, eles desenvolvem uma relação de amizade e vão descobrindo os segredos um do outro.

Alerta de Spoiler (para ler selecione a área abaixo)

O que surpreende no remake é a necessidade de deixar claro aquilo que nós entendemos assistindo ao original. A idéia de que não é totalmente ingenuidade e carinho verdadeiro a natureza da relação entre Abby e Owen. Ele precisa dela porque é a única amiga que já teve, a única pessoa em que pode confiar e se importa verdadeiramente com ele. Enquanto isso, Abby precisa de alguém que lhe ajude a continuar em frente sem ser descoberta, conseguir alimento e lhe fazer companhia sem que ela precise fingir o tempo todo. Não é apenas afeto. É uma necessidade. O que fica ímplicito é se isso é uma consequência ou uma causa da aproximação dela de Owen, visto que, o seu “pai postiço” foi um garoto como Owen e com o passar do tempo se viu preso a ela como um fardo, uma maldição”.

Mais obscuro que o mistério de Abby é a natureza daquela relação entre as duas crianças. Suas personalidades e suas frustrações dão o tom pesado ao filme o que é um acerto pois poderia facilmente cair em um mero filminho de terror recheado de sustos desnecessários. O remake, assim como o original, acerta na escolha dos atores e isso é um dos motivos de entrarmos de cabeça na  história. Chloe Moretz é muito talentosa e fez seu papel de forma brilhante assim como Smit-McPhee demonstra a total vunerabilidade de Owen.

 

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Quase um remake quadro-a-quadro, Deixe-me Entrar se mostra um bom filme e não deixa a desejar ao original, tirando pequenos detalhes. E são nesses detalhes que moram a real natureza dessa refilmagem: o público americano. Não vou nem entrar nas questões financeiras porque isso é um tanto óbvio, mas é de conhecimento geral que os americanos nem sua maioria, não gostam de legendas. Para que exista uma aproximação é preciso que o filme seja falado em inglês americano e de preferência com atores que o público tenha uma relação de identidade. Isso é o que torna Deixe-me Entrar um filme desnecessário. Apesar de bom, não acrescenta em nada ao original, pelo contrário, tem uma cena em que ele deixa explícito, algo que não havia necessidade… demonstrando que subestima o entendimento do público, ou quem sabe entende que a platéia americana gosta de tudo bem explicadinho. Vale o tempo e vale o ingresso, mas mesmo assim eu ainda fico com o original.

 

14 comentários sobre “Deixe Ela Entrar / Deixe-me Entrar

  1. Vi o original e nem me dei ao trabalho de assistir a versão EUA. Já imaginava que seria uma cópia quadro-a-quadro mesmo…

    A história é ótima, recomendo a todos, principalmente se for ver o original.

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  2. Assisti os dois no mesmo dia,

    posso dizer que gostei muito, mas muito dos dois filmes. creio que ambos possuem seus pontos fortes

    o sueco é um filme mais bonito (poetico) enquanto o americano puxa um pouco mais para o suspense. nota-se isso na cena em que o inspetor entra na casa da abby (americano) com a cena que o amigo do cara a diferença de tonalidade dela é absurda, no filme americano ela é muito mais escura, pra criar um pouco mais de tensão, enquanto a cena sueca é extremamente clara

    O ponto forte do filme sueco, são as leves insinuações que ele faz, como na cena do pai do moleque

    já no filme americano a inserção do detetive (consequentemente a retirada daquele grupo de amigos) dá o toque de suspense que o diretor queria e se torna um acerto

    e não sei quem teria medo de um anão um loiro com cara de boiola e um moleque que parece um palito de fosforo,

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  3. Assiti apenas a versão americana, e achei interessantezinho. O próprio tema já está batidão pra mim, então mesmo tendo escutado que a versão original é bem melhor, não despetou meu desejo de assiti-la. Na minha opinião, a única razão da personagem existir, foi a vingança que ela executa contra os garotos que perseguem o menino. No mais, nada que eu já não tenha visto. Ainda haverão de fazer um filme bom, antes de eu morrer.

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  4. O remake é muito bom, principalmente pra quem não gosta do cinema europeu com filmes longuíssimos cheios de silêncios infinitos. Não é só o público americano que é preguiçoso pra ler legendas, acho que o remake atende também a necessidade do público daqui.

    Mas o remake não consegue fazer coisas que o longuíssimo filme sueco consegue, que é chocar. A cena que ela ataca o cara no túnel, por exemplo, eu achei violentíssima no original, e gente já tá tão familiarizado com a menina que choca. No americano, isso acontece muito no início (creio eu) e não provoca a mesma sensação, mesmo com os efeitos visuais.

    A mesma coisa acontece com a morte do pai postiço. Eu não sei se porque eu já tinha visto o original, mas a cena não suspendeu minha respiração como no original. É como se relação dos dois, apesar de não ser tão bem explicada, fosse mais intensa. As crianças perdem um pouco da empatia.

    Mas acho um bom remake. Excelente talvez. não como nos remakes de filme japonês, que parecia mais uma preguiça de criar roteiro novo, mas como uma tradução pra uma “linguagem mais acessível”, já conhecida.

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  5. eu assisti a essa versão primeiro…é um bom filme a Chloe Moretz atua muito bem….vamos dizer que é um filme diferente sobre vampiros que eu ainda não tinha visto e gostei da forma que foi mostrada…depois vi a versão original e achei muito melhor..tem muito mais detalhes..é bom ver as duas..que são pontos de vista diferentes….

    Exemplo com Spolier
    Aquela cena que o casal ta brigando e ela está em cima de uma arvore e pula na mulher de cima..nessa versão é o ponto de vista da Eli na arvore…do nada aparece o casal brigando e ela pula na mulher…na primeira versão é o ponto de vista do casal.. e agente já sabe como aquela briga começou e até onde foi…e no ponto de vista do marido que ela ver algo atacar a mulher dele..e entre outras coisas!!!

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