Tirando algumas músicas clássicas que ficaram imortalizadas e alguns relatos sobre as histórias dos antigos carnavais de Salvador e seus artistas, confesso que pouco conhecia a respeito dos “Novos Baianos”. O grupo que se formou no final da década sessenta trouxe bastante inovação musical para a época e se tornou um verdadeiro marco cultural. Graças a Henrique Dantas e ao Circuito de Sala de Arte daqui da terrinha pude finalmente corrigir essa minha falha de caráter e conhecer um pouco mais sobre o surgimento e toda a trajetória desse bando de visionários.
De forma bastante interessante o documentário “Os Filhos de João – O Admirável Mundo Novo Baiano” remonta através de depoimentos, imagens e filmagens antigas como se deu o surgimento e a convivência entre os integrantes do grupo, passando aí por um lendário apartamento no Rio de Janeiro (que rendia altas confusões do barulho com uma turminha da pesada), um sítio que era uma verdadeira ‘nação paralela’, a paixão pelo futebol e também, de forma bem aberta, a relação deles com as drogas.
Fica evidente no documentário a importância de João Gilberto para o grupo que antes tocava algo mais próximo do Rock´n´Roll. Foi ele quem sugeriu – convenhamos, uma sugestão de João Gilberto, por mais chato que ele seja como pessoa, é praticamente uma ordem – que os músicos utilizassem a sonoridade brasileira, samba, cavaquinho, etc. E foi essa mistura de sons que deu a identidade ao movimento “Novos Baianos”, se me permite descrevê-lo assim. O resto é história e clássicos como “Besta é Tu“, “Acabou Chorare“, “Brasil Pandeiro“, “Preta Pretinha” se tornaram imortais.
Apesar de não ser integrante do grupo, Tom Zé era uma espécie de padrinho e seus depoimentos são os melhores. É incrível perceber como ele consegue ser, ao mesmo tempo, genial e engraçado (talvez consiga isso por viver em um universo paralelo ao nosso onde apenas o seu corpo habita a nossa realidade). Na verdade todos os depoimentos são bastante interessantes e a gente pode perceber que algumas pessoas que já eram loucas na época hoje em dia estão altamente sequeladas. Algumas sequências dá até pra gargalhar de tanto rir.
Outro fator interessante e curioso é a relação deles com o futebol que era realmente intensa, arrisco a dizer que eles gostavam mais de bater um bába (aka jogar uma pelada) do que cantar. Só que como jogadores eles não levavam jeito nenhum.
Ficou faltando apenas Baby liberar seus depoimentos para ficar completo. Sua ausência é sentida e ao final do filme aparece a informação que ela não liberou suas entrevistas. De qualquer forma o trabalho de Henrique Dantas é, fazendo um pouco de alusão ao título, admirável. Além de ser um projeto curioso e muito interessante, a levada é tão divertida que até mesmo para quem nunca foi fã dos “Novos Baianos” ou não gosta do estilo musical não se torna chato ou cansativo. Vale a pena dar uma força para o circuito de Sala de Arte (como sempre) e também para o cinema baiano, principalmente para quem acha que a única especialidade daqui é produzir rebolations e raladas de tcheca no chão.
Filhos de João – O Admirável Mundo Novo Baiano (2011, 75 min)
DocumentárioUm filme de Henrique Dantas com roteiro por Henrique Dantas e Bau Carvalho.
Pois é, Márcio, e ainda tem gente que acha que Bahia é só Axé. O filme é muito em feito mesmo, gostoso de acompanhar, com depoimentos ótimos, intercalando com imagens de arquivo. Baby que perdeu.
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Fiquei interessado em ver esse documentário.
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Não deixe de assistir man, vale a pena.
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tu num tais assistindo mais superprodução mais não é?? kd?? eu pensei que vc iria assistir capitão America ou super 8..eu ja assisti só estou esperando alguém postar no blog pra eu comentar!!.abrss
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To vendo sim Thiagão, o problema é tempo pra escrever, ai vou na ordem. Super 8 mesmo eu vi hoje, gostei muitão.
Capitão América vou assistir essa semana, é que a maioria das salas aqui estão passando só dublado e eu quero ver legendado, mas ta complicado.
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Os Novos Baianos trouxeram alegria pra tropicalidade, irreverentes e cheios de ginga. Vi o documentário, achei que podia ser melhor. Mas concordo com vc o Tonzé vai servindo como fio condutor da história.
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