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O que torna um determinado filme, um clássico? Ser marcante de uma forma única? Ser pioneiro dentro de algum estilo? Ser atemporal? Planeta dos Macacos de 1968 chegou ao patamar de clássico e conseguiu a façanha de ser quase uma unanimidade.
Quando se pensa no filme original, baseado no livro Planeta dos Macacos de Pierre Boulle, a primeira referência que se tem é do final antológico com o Capitão George Taylor encontrando a Estátua da Liberdade. Apesar da cena impactante, todo o filme é digno de ser mencionado. Capturado, torturado, ferido, o astronauta encontra naquele desconhecido planeta, uma sociedade onde os macacos são os seres inteligentes e dominantes enquanto os humanos são selvagens e quando encontrados, são logo escravizados.
Em meados da década de sessenta, o roteiro de Planeta dos Macacos pulava entre os estúdios e a maioria acreditava ser impossível filmar de forma comercialmente viável. A FOX foi convencida a filmar após uma cena de teste ser feita, com a maquiagem dos macacos e com as alterações necessárias no roteiro que se diferenciavam do livro (onde os humanos andavam nus, os macacos viviam em uma civilização avançada com tecnologia parecida com a nossa e no final o planeta não era a terra e sim um planeta similiar). Os pontos chaves foram mantidos e foi exatamente o que fez do filme um sucesso absoluto. As críticas sociais, a sociedade dividida em castas, maquiagem impecável, beijo entre homem e macaco, além da cena final (por falar nisso, a Estátua da Liberdade mudou de lugar em vários momentos das filmagens e chegou-se a cogitar colocá-la no meio da floresta).
O sucesso do filme rendeu mais quatro sequências além de uma série de TV. Em 2001, Tim Burton lançou o remake do filme Planeta dos Macacos com uma grande carga de responsabilidade: agradar aos amantes do filme original que são muitos e além de tudo exigentes como também aqueles que nunca assistiram o de 1968. Com a mesma base, o astronauta que cai em um planeta inóspito onde os símios dominam os humanos, Tim Burton estabelece relações tão fortes quanto no longa original. A divisão de castas, os diálogos carregados de preconceitos da mesma forma que os humanos fazem, a fé cega, a sensação de superioridade… tudo isto está presente neste remake. Ele transportou todos a um Planeta dos Macacos muito particular e se deu ao luxo de modificar o comportamento dos símios, transformando-os em um povo “civilizado” mas sem esquecer suas raízes; um exemplo é a forma como eles se locomovem, pulam entre galhos, usam o pé como mão e muitas outras particularidades típicas de macacos. Eles não são simplesmente humanos vestidos de macacos. Mas é impossível não mencionar o trabalho de figurino e maquiagem que se destacaram de forma espetacular.



Eis que Tim Burton ousa no momento em que Planeta dos Macacos (1968) mais chocou: na cena final. Ele se deu a liberdade de modificar o fim, trazendo uma enorme carga de crítica social e dando um grande susto naqueles que assistiam ao filme. Quando o Capitão consegue escapar daquele planeta e voltar a terra exatamente no ano em que havia saído, ele tem uma enorme surpresa ao aterrissar no Memorial Lincoln: A estátua do grande herói americano é na verdade um Macaco. A confusão está armada, fotógrafos chegam ao local, policiais armados… todos são macacos. Mas a confusão se extende também para aqueles que assistíam ao filme: Como é possível? Se ele voltou ao passado como poderia os humanos se tornarem macacos? É possível alterar o passado? Que grande loucura foi essa?
Muitos não conseguiram entender ou até mesmo aceitar essa posição de Tim Burton. Acredito que foi um posicionamento corajoso e extremamente crítico. Ao mostrar que o Capitão chegou a terra e viu os macacos como dominantes – no tempo atual – é uma alegoria do que de fato existe. Nós é quem somos os macacos, iguais aos que ele viu no Planeta dos Macacos. Nós somos os seres opressores, violentos, preconceituosos, intolerantes. Nada nos difere deles. Como se fosse uma parábola, um epílogo ou quem sabe uma fábula, o final do Planeta dos Macacos de 2001 fica como uma grande reflexão a respeito de quem realmente se comporta como selvagem e qual o rumo a sociedade está tomando.
Diferente de um remake, homenagem ou referência, Planeta dos Macacos – A Origem em 2011 é uma espécie de prelúdio do original de 1968. Nada de humanos dominados, pelo contrário. Neste filme eles são os algozes, deixando claro a idéia de dominação logo na cena inicial onde macacos são capturados na floresta. Apesar disso não são os humanos quem protagonizam o filme e sim um macaco, Ceaser, criado em computador pelo método motion capture. Por mais estranho que possa parecer são as criaturas “de mentira” que mais passam verdade durante todo o filme. O interessante é que se não fossem realistas o suficiente, todo o resto iria por ralo abaixo e neste ponto Planeta dos Macacos – A Origem é impecável. Por ter protagonistas tão fortes, fechamos os olhos para todas as discrepâncias do roteiro e nos entregamos a esta história que vai do amor, medo, tentativa de adequação, abandono, cárcere, tortura, questionamentos, compreensão, revolução.
Planeta dos Macacos – A Origem, deixa uma sensação de que teremos mais coisas por aí. Não apenas por conta da cena pós créditos mas principalmente pela maravilhosa bilheteria que arrecadou. Tudo indica que mais dois filmes estão engatilhados e só nos resta torcer para a franquia não dar um passo atrás.
Boa análise e contextualização. Admiro sua coragem em elogiar a versão de Tim Burton heheheh
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Rodrigo,
Na verdade não acho o filme de Tim Burton maravilhoso não… acho apenas bom. Ele tem uma caracterização fantástica mas o andamento do filme deixa muito a desejar…
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Eu também não acho maravilhosa a versão de Tim Burton (chamem a polícia, tenho até o DVD em casa deste filme), mas a análise de Dani toca num ponto interessante.
E mesmo o clássico sendo “o filme”, acho que os demais, ramake, prelúdio, não fizeram tão feio assim.
Essa ‘nova trilogia’ me deixa esperançoso.
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O original é uma obra-prima, impactante e que ainda se mantem atual nos dias de hoje.
Já a versão do Burton me desagradou completamente. Além de perder a essência que fez o original ser um clássico, não se enxerga nada de Tim Burton ali, é um filme sem identidade e completamente deslocado.
Esta nova versão pretendo assistir esta semana, parece fazer jus ao clássico de 68.
http://cinelupinha.blogspot.com/
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Rafael,
Cuidado… Planeta dos Macacos – A Origem é completamente diferente do filme original de 68. Eu gostei muito mas não espere que seja um remake tá?
=)
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É Dani,
depois da sua crítica, fazendo esse levantamento comparativo entre os filmes, você me convenceu: vou assistir! Eu também tenho ressalvas quanto a versão de 2001, mas não é pra tanto. É boa sim.
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É, Dani, você toca em um ponto interessante da versão de Tim Burton, mas ainda assim, tendo a renegar o filme, não pelo final em si, que concordo com você, não é absurdo, mas por toda a construção.
Gostei muito da contextualização da Saga, do mito e do novo filme que promete mesmo algo mais. Resta a nós, aguardar.
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Entre estas três versões apresentadas a do Tim Burton com certeza figura no ultimo lugar… mas, em conjunto com a versão de 2011 o ponto fraco da trama são os humanos!
Acho que o gostinho bom que ficou na versão de 2001 foi cenário e figurino. A trama em si achei boba mas acho que a impressão boa foi mesmo por conta das característica dos macacos.
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eu ainda não assistir a versão de 2011..verei semana que vem….vc´s podem me apedrejar o quanto for mais até agora a melhor versão é a de Tim Burton…ué é a versão dele num é?? ele faz o que ele quiser no filme..termina do jeito que ele achar melhor…assim não fica uma copia cuspida!!
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Imagina Thiago, acredit que após ver a ultima versão você vai gostar mais dela!
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essa versão de 2011 num é ramake coisa nenhuma da de 68 ele é remake do 4º filme da saga “A conquista do planeta dos macacos” [1972] é onde césar é descoberto e resolve induzir outros macacos a exterminarem os humanos….vc pode até ler a Sinopse do filme…o ramake de 68 é a versão de Tim Burton que já foi gravada..ou seja não existe uma terceira versão do clássico de 68..é impressão minha ou vc´s só assistiram a de 68?? os outros filmes não são citados aqui!!
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“Diferente de um remake, homenagem ou referência, Planeta dos Macacos – A Origem em 2011 é uma espécie de prelúdio do original de 1968”
Thiago, onde foi mesmo que eu disse que Planeta dos Macacos 2011 é um remake do filme de 68????????
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Dani confesso que o trailer de …a origem.. me agradou muito eu tenho grandes expectativas quanto a ele…
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nem preludio minha filha..é só mais um ramake de um dos filmes da série..nada mais….ele só se baseou na versão de 72 pra criar uma nova série de sequencias..se vai ter alguma continuação agente não sabe ainda.. ou vão fazer outro ramake de outro filme da série!!
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Sim meu pai,
se você não acha que ele é um preludio, beleza… só estou dizendo que em nenhum momento eu disse que ele era um remake do de 68.
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A propósito, li em algum site (renomado) que não me recordo agora que será uma trilogia.
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Assisti. Pô: o filme é bom pessoal. Tenho lá algumas ressalvas(como a conversa de sinais deles antes do uso do medicamento), mas no geral o filme é bom sim. Vale a pena.
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Sim meu caro, temos que abstrair nele um pouco da ciência mágica e algumas coisinhas um pouco exageradas, mas não deixa de ser um filme muito bom
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não Dani vc não entendeu..eu não falei que era preludio de 68..eu discordo..eu falei que esse filme é remake…de ” a conquista do planeta dos macacos” o 4º filme da série..vc entendeu agora??
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Ai Dani, eu queria que você falasse dos outros filmes da primeira saga. Devo confessar que ainda não tive coragem de assistir “A fuga…” “A conquista…” e “A batalha…” depois que assisti o segundo da série e achei horrível…
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todos os 3 filmes citados acima são ótimos..pra mim são os melhores filmes sobre “o Planeta dos Macacos”..mais dos 3 eu ainda prefiro a versão de Tim Burton..aqueles Macacos até hoje me dão medão medo..credo!!
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Na verdade, o personagem não volta para o passado, mas vai mais adiante no futuro, onde encontra o mundo evoluido semelhante ao qual vivia, ja que o tempo em que voltara era, na vdd, os primordios da evolução dos simios, como foi o primordio da evolução humana. É possível perceber isso pelo texto na parede em que se refere a estatua que ocupou o lugar da de Abrahan Lincoln como sendo na verdade a do General Thade, que teria sido considerado um benfeitor de sua especie.
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