O Artista (The Artist)

Quem poderia imaginar que a esta altura do século 21 um filme mudo e em preto e branco conquistaria mais de 70 prêmios mundo afora dentre eles as principais estatuetas do Oscar 2012? Não fossem todas as indicações recebidas e toda avalanche de boas recomendações confesso que dificilmente iria encarar “O Artista (The Artist)” nos cinemas e isto seria um prejuízo pessoal enorme uma vez que, para todos aqueles que se consideram cinéfilos, é quase impossível não se emocionar com esta linda história, uma produção que prova que o cinema pode (e deve) ser mais do que apenas avanços tecnológicos.

Na trama, que se inicia no ano de 1927, seguimos a história de um grande ator do cinema mudo, George Valentin (Jean Dujardin). Orgulhoso ele não dá muita importância ao surgimento do cinema falado e acaba caindo no ostracismo enquanto uma jovem atriz chamada Peppy Miller (Bérénice Bejo), fã do galã Valentin e que deve sua carreira ao seu ídolo, é contratada pelo seu ex-estúdio e começa se tornar uma grande estrela.

Além de bastante oportuno tendo em vista a atual “choradeira” dos estúdios perante a presença do público nas salas de cinema, “O Artista” trata-se de uma grande homenagem à sétima arte e sua celebração “à moda Hollywood” foi o grande trunfo para conseguirem conquistar o Oscar, até porque se trata de uma produção Francesa (e Belga também). E mesmo para os que torcem o nariz para esta estratégia adotada, é difícil não se encantar com a linda e envolvente história, tudo aliado a um cuidado técnico incrível e uma trilha sonora excelente.

Mais inusitado que o fato de um filme “estrangeiro” conquistar o Oscar – levou os principais prêmios: melhor filme, direção, ator e ainda trilha sonora e figurino, todos merecidos – é, pelo menos para algumas pessoas, se imaginar assistindo um filme que não é colorido e em que as falas (nem todas) são mostradas apenas em legendas. Do cinema mudo eu só conhecia alguns trabalhos de Charles Chaplin (Tempos Modernos é o mais recorrente em minhas antigas lembranças) e, mesmo assim, foi muito fácil e gostoso assistir “O Artista” e a culpa disto é, em grande parte, do trabalho primoroso dos atores. Para eles, em especial Jean Dujardin (vencedor do Oscar) e de Bérénice Bejo que são os protagonistas, foi exigido um pouco mais aqui neste trabalho por precisar de uma atuação mais “intensa” e física com expressões faciais e corporais mais marcantes. O restante do elenco conta algumas carinhas conhecidas e entregaram também boas atuações com um destaque especial para o cãozinho fofo que, se estivéssemos num mundo ideal, levaria também para casa uma estatueta (quem sabe um osso) dourado.

É curioso perceber que muitas vezes a “novidade” está escondida em algum lugar que foi esquecido ou deixado de lado com o tempo e “O Artista”, mais do que um filme ganhador de Oscar ou uma produção de certa forma ambiciosa, trata-se de uma obra que presenteia a todos os que se dizem cinéfilos com uma linda, emocionante, divertida e mágica viagem ao maravilhoso mundo do cinema.


O Artista (The Artist, 2011/2012 – 100 min)
Romance, Drama, Comédia

Um filme de Michel Hazanavicius com Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell e Penelope Ann Miller.

16 comentários sobre “O Artista (The Artist)

  1. Sim, esse filme é muito bom. Confesso que chorei mais em “Hugo”, mas esse é melhor.

    Agora Chaplin é gênio man, volte a assistir um filme dele que você vai curtir. Meus favoritos são “Tempos Modernos” e “O grande ditador”.

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    1. Ainda vou escrever sobre “Hugo” e quanto a Chaplin eu só lembro fortemente de “Tempos Modernos” que o professor de história trouxe pra gente assistir na época que estava ensinando Revolução Industrial. “O Grande Ditador” acredito que tenha assistido, mas não lembro tanto. Correrei atrás dos filmes dele!

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  2. Porra, fiquei curioso, vou correr pra ver ainda na tela grande. Abraço. Ah, excelente resenha… senti a emoção do filme apenas através das palavras.

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  3. CARA,FICO IMPRESSIONADA COM A SUA SENSIBILIDADE,SÉRIO,VC É MAIS SENTIMENTAL QUE EU HUASHUAS,EU ACHEI FOFA TUA CRÍTICA,MAS SÓ VOU ASSISTI ISSO AÍ QUANDO PASSAR NA TV,É QUE TENHO UM POUCO DE PRECONCEITO COM CINEMA MUDO,SEM FALAR QUE EU SOU MUITO DO LADO NEGRO DA FORÇA,MAS BELEZA..

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    1. Eu sou apaixonado por cinema de verdade e levo a sério quando, no cinema, aparecia o cara falando “se prepare, você está prestes a entrar na magia do cinema”.

      E eu realmente “vivo” a história e me emociono, mas só com filmes bons é claro!

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  4. desse aí eu passo direto…ele pode ser o melhor filme do mundo eu nuca vou gostar desse tipos de filmes mudos e ainda mais Dramas…pra mim coisa velha tem que ficar no passado!!

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    1. Que nada Thiagão, que negócio de “coisa velha tem que ficar no passado” é essa?

      As vezes a inovação é voltar as raízes, e não é que todos os filmes vão toltar a ser mudos, apenas este foi uma homenagem ao “cinema” e, mesmo mudo, ele tem uma linguagem universal.

      Também tinha essa má vontade quando pensava em encarar “O Artista”, mas arrisquei e gostei muito do que vi.

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  5. eu não acredito que “a Invenção de Hugo Cabret” perdeu pra isso…eu crendo que Hugo ia ganhar por 11 Indicações…Hugo sim que é uma Homenagem ao “cinema”…espero que Deus te ouça…imagina: “todos os filmes voltarem a ser mudos de novo”?… misericórdia!!

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