Dr. Fantástico (Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, 1964 – 93 min)Comédia, Suspense.
Dirigido por Stanley Kubrick. Roteiro de Stanley Kubrick, Terry Southern e Peter George. Baseado no livro Red Alert, de Peter George. Elenco: Peter Sellers, George C. Scott, Sterling Hayden.
Outro dia, enquanto conversava com o Marcio Melo para acertar alguns detalhes sobre minhas participações aqui no Porra, Man, resolvi perguntar se ele tinha sugestões de filmes para os meus próximos textos. Foi então que ele me sugeriu assistir Dr. Fantástico – que no início achei ser um filme de super-herói. Confesso que fiquei um pouco receoso quando descobri que se tratava de uma comédia dirigida por Stanley Kubrick, afinal só conhecia o diretor por trabalhos mais sérios, como “2001: Uma Odisseia no Espaço”, “Laranja Mecânica” e “O Iluminado” (sobre os quais, dentro em breve, vou encarar a responsabilidade de escrever). Mas este receio não durou muito, pois assim que eu li a sinopse e vi do que se tratava, fiquei tão ansioso que o passei direto para o topo da minha lista de filmes a assistir.
O filme mostra o transtornado General Ripper ordenando um ataque à Rússia, e com isso pondo em risco a segurança nacional e até mundial. Para tentar evitar a eminente catástrofe, o Presidente dos Estados Unidos se reúne com assessores e Chefes de Estado na sala de guerra do Pentágono em busca de uma forma de cancelar a ordem de ataque.
O início do filme me fez pensar que a expectativa gerada não seria alcançada. Acontece que o humor desta comédia é mais subjetivo com relação ao que é visto atualmente nos cinemas e televisão. A sátira feita à guerra e toda a paranoia gerada por ela se dá de uma forma mais sutil que demora a ser compreendida (ou eu que sou burro mesmo). Tudo isso faz com que o filme demore um tempo para arrancar uma boa risada e mostrar a que veio, mas quando você captura sua essência, ele recompensa a espera.
Superado o início um pouco monótono, a história do filme logo começa a se desenrolar e cada um dos personagens vai mostrando sua importância para a trama. Achei curioso o fato de que o personagem título só aparece um pouco depois dos 51 minutos, mais da metade do filme, o que não interfere em nada, só achei estranho mesmo. Aliás, o Dr. Strangelove é um dos 3 personagens interpretados por Peter Sellers (exigência da Columbia Pictures para financiar o filme). Ele é responsável ainda pelo Capitão Lionel Mandrake e pelo Presidente Merkin Muffley, e só conseguiu escapar do excêntrico Major ‘King’ Kong porque machucou o tornozelo durante as filmagens. O mais incrível é que, comparando os personagens, é quase impossível dizer que todos são interpretados pela mesma pessoa, mérito deste ator extremamente competente e que lhe rendeu uma justa indicação ao Óscar. Como se trata de uma comédia, não poderiam faltar, é claro, umas boas cenas engraçadas, e confesso que ri muito em vários momentos, principalmente na primeira vez que o Presidente Merkin Muffley fala com Dimitri (Premier russo) pelo telefone.
No fim das contas, o filme deixa uma grande dúvida na cabeça de quem assiste: como Dr. Strangelove foi virar Dr. Fantástico aqui no Brasil? Mas a tradução do título dos filmes no nosso país é sempre um grande mistério. Felizmente o que importa mesmo é aquilo que vemos quando apertamos o play, e neste quesito “Dr. Fantástico” proporciona uma boa história, recheada de momentos bastante engraçados além dos shows particulares de Peter Sellers e Stanley Kubrick, proporcionando uma excelente pedida.
“Cavalheiros, vocês não podem brigar aqui! Esta é uma sala de guerra.”
– Presidente Merkin Muffley
Adoro este filme de Kubrick e seu humor é mesmo um humor mais “contido”, não é como as comédias atuais onde reina o pastelão e o besteirol. E é um humor negro mesmo, trágico e que conta com as excelentes atuações do mesmo Peter Sellers que interpreta 3 personagens. A própria frase que você colocou fechando a crítica é um bom exemplo do tipo de humor que é apresentado.
E você vê os 3 e, se não contar para a pessoa que o assistir, dificilmente ela irá descobrir que se trata do mesmo ator. Incrível né?
E outro fato curioso que você citou e eu já tinha até me esquecido (uma boa lembrança) é que o tal personagem título, o “Dr. Fantástico” só aparece lá pra metade final da história.
Para quem estiver com receio, o filme é em preto e branco por opção de Kubrick, em 1964 já existiam (bem antes disso) filmes em cores e tal, mesmo assim, para quem hoje em dia “se assusta” ou sente ojeriza só em pensar em ver alguma obra clássica, este é um filme bem acessível e fácil de assistir.
Vale muito a pena.
PS: Boa resenha Elvis!
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Como é que você coloca alguém no seu blog pra escrever sobre filmes antigos e que não conhecia Dr. Fantástico!?
Acho errado! ahahahahaha…
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Por mais incrível que pareça existe muita gente que não assistiu a este filme. Acontece Ramon.
Se você ver a minha lista de filmes a assistir e irá se espantar com alguns que nunca vi também hehehe
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Faz totalmente parte. Gostei da iniciativa, boa crítica. 🙂
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HAHAHA…Pois é, realmente não conhecia o filme e quando li um pouco sobre a importância dele até fiquei com vergonha…
Mas deixa passar essa que com o tempo espero compensar o lapso! 😉
heheh
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elvis, vai falar de outros filmes antigos tambem?
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Vou sim Marlon, e a princípio só falarei de filmes antigos (lançados há 30 anos ou mais). Fica atento ao blog que pelo menos uma vez por semana vai ter um texto novo, qualquer coisa segue a gente no twitter que estamos sempre divulgando os novos posts:
@elvisnaomorri
@porra_man
E se quiser fazer uma sugestão de filme pode mandar pro meu e-mail (e.jalves@hotmail.com) que eu acrescento à minha lista. Pode demorar um pouco pra mim escrever sobre ele, afinal a lista já tá grande, mas um dia eu prometo que faço! heheh
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valeu Elvis, grande abraço.
12 homens e uma setença, the seventh seal…
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12 homens e uma setença = já estava na lista
the seventh seal = adicionado
vlw as dicas! 😉
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Corrigindo:
The Seventh Seal já estava na lista, mas com o nome originial (em sueco), por isso não havia identificado…heheh
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A primeira vez que assisti eu era novo demais pra pegar o espírito do filme… hoje considero um dos mais engraçados que já vi. A propósito, Kubrick é o meu diretor preferido. Aguardarei os comentários sobre os outros filmes dele!
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Esse filme só perde para Se Meu Apartamento Falasse como a melhor comédia já feita. Se bem que The Apartment é a comédia dramática, mais triste, mais amarga já feita.
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Não conhecia “The Apartment”. Adicionei à minha lista… 😉
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Já tá na minha lista! É o próximo que vou assistir…
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Eu também não conhecia esse filme, eu gosto muito de filmes antigos, especialmente alguns que passa na rede cultura e na emissora aparecida, tem muito filme bom la.
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Adoro esse filme. Kubrick é demais.
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Hahahahahaha muito engraçado mesmo. Acredito que a melhor comedia que assisti nos últimos tempos. O cinema mudou muito e não temos mais tantas obras com tamanha qualidade.
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