Julgamento em Nuremberg (Judgment at Nuremberg) – 1961

Julgamento em Nuremberg (Judgment at Nuremberg, 1961 – 187 min)
Drama, Histórico, Guerra.
Dirigido por Stanley Kramer. Roteiro de Abby Mann. Elenco: Spencer Tracy, Burt Lancaster, Richard Widmark, Marlene Dietrich, Maximilian Schell, Judy Garland, Montgomery Clift, Ed Binns, Werner Klemperer, Torben Meyer, Martin Brandt e William Shatner.
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É provável que poucos leitores deste blog saibam, mas eu curso Direito. Estou no 9º e penúltimo semestre e me deparei com Direito Internacional. Devo dizer que estou gostando muito das aulas, não pela matéria, que é muito chata e desconexa, mas sim porque a professora – essa, ao contrário da matéria, é uma pessoa legal – nos pediu para assistir O Julgamento de Nuremberg (1961). Fui o único aluno a ficar feliz em assistir um filme com mais de 40 anos de idade, em preto e branco, com mais de duas horas de duração e legendado (tudo que mais gosto em um filme). Grande coisa, nem ganhei nota por isso.

No final dos anos 40, a cidade de Nuremberg (não, Nuremberg não era o nome do Réu) na Alemanha foi o palco de um Tribunal de Exceção (atualmente Tribunais de Exceção são proibidos) para julgar “crimes de guerra” cometidos por, principalmente, autoridades nazistas. Neste cenário, o juiz americano Dan Haywood deixa de lado sua bela aposentadoria para presidir um dos julgamentos mais importantes, que teve como Réus (agora sim) importantes juristas que atuaram na Alemanha durante a Segunda Guerra.

Trata-se de um filme excelente. As atuações são todas impecáveis, até mesmo daqueles que não tem muita importância para a trama. Destaque especial para Maximilian Schell (que ganhou o Oscar de melhor ator por Hans Rolfe, advogado da defesa), Burt Lancaster (Dr. Ernst Janning, um dos Réus) e Marlene Dietrich (essa dispensa comentários). Chama a atenção o fato de que, originalmente a acusação falaria em inglês, e a defesa em alemão, e o que poderia ser um problema para a realização do filme foi contornado de uma forma, a meu ver, genial. No início cada um fala com sua língua nativa e é seguido por um tradutor, o que acabaria ficando muito chato durante o filme. Mas no meio de uma fala de Hans Rolfe, em alemão, ele começa, gradativamente, a falar em inglês, sem que com isso os americanos abandonem os fones de ouvido da tradução, para deixar claro que o inglês dos alemães é apenas para facilitar o filme, mas na verdade eles falam em alemão.

O conflito mais claro fica por parte de Janning, um dos Réus. O ex-Ministro da Justiça é um jurista mundialmente respeitado e admirado até mesmo pelo juiz, Haywood. A defesa apresenta decisões de Haywood que se embasaram em livros escritos por Janning e “nos bastidores” do julgamento o juiz inclusive lê alguns livros do Réu e se questiona sobre a possibilidade de um homem tão brilhante ter cometidos crimes tão bárbaros. Outro conflito importante está na visão que se tinha dos alemães nesse cenário pós-guerra, onde a imagem de todo o povo era construída sob o paradigma de Adolf Hitler. A defesa de Rolfe se apega a isso, numa forma de tentar limpar a imagem de toda a Alemanha e traz consigo o questionamento: podem os Réus ser considerados culpados se eles estavam apenas fazendo cumprir as leis impostas pelo governo ditador? A meu ver não, e por isso acho que o resultado final dos julgamentos deveria ter sido diferente (não é spoiler, é história). Mas, como se trata de um filme histórico, não vejo isso como um defeito na obra.

Sim, o filme é longo, é em preto e branco e legendado (e cheio de falas), mas a história é bastante envolvente, interessante e prende a atenção de quem assiste. Trata-se de um dos maiores clássicos da história do cinema e qualquer esforço compensa pelo excelente trabalho de todos os profissionais envolvidos na produção deste filme excelente, que está entre os melhores que eu já assisti.

“…em cinco anos, os homens que você condenou a prisão perpétua estarão livres.”
– Hans Rolfe (e foi mais ou menos o que aconteceu)

PS.: Dedico este post a Prof.ª Angelita Woltmann por me coagir a finalmente assistir O Julgamento de Nuremberg, que já estava na minha lista há um bom tempo (mesmo que no fim das contas ela não tenha incluído nenhuma questão na prova sobre o filme, como prometido), quem sabe assim ela me dá um bônus na nota…

9 comentários sobre “Julgamento em Nuremberg (Judgment at Nuremberg) – 1961

  1. Parece bom, como estou empolgado com um filme que assisti, esses dias, com um tema “parecido” quero ver se consigo por minhas mãos nesse.

    o filme que falei se chama 12 angry men. antigo (preto e branco) que é a discussão de uma bancada, se eles devem ou não condenar um réu a cadeira eletrica, com base nas provas apresentadas.

    esse tipo de discussão é sempre interessante rende horas e dificilmente alguém chega a uma conclusão que agradaria a todos

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  2. O julgamento de Nuremberg é um clássico mesmo, ainda bem que sua professora mandou ver o original e não a refilmagem com Alec Baldwin que perdeu muito da carga dramática. Marlene Dietrich é incrível mesmo, agora eu destacaria ainda Montgomery Clift, em sua fase não mais bonito, mas ainda assim, chamava a atenção.

    Ah, me metendo na conversa, 12 Homens e uma Sentença é outro clássico de tribunal, mas com um viés completamente diferente.

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      1. Pelo que eu pesquisei seria “Julgamento DE Nuremberg” no Brasil e “Julgamento EM Nuremberg” em Portugal.
        Mas o correto, a meu ver, seria “Julgamento EM Nuremberg” mesmo, só que a tradução de títulos de filmes no Brasil é um capítulo à parte…ponto para os portugueses.

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  3. Galera quero mais filmes deste genero! por favor que têm conhecimento na area de direito, passa uns filmes legais….DETALHE QUEM SABE UM SITE BACANA PRA BAIXAR ESSES VIDEOS,POR FAVOR ME ACIONEM KKKKK!

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