O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man)

Apenas 5 anos depois, a jornada do herói aracnídeo está de volta aos cinemas com “O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man)” trazendo uma história que, ao contrário do que tentou afirmar a divulgação do filme, não traz nada de novo. Em alguns pontos bem específicos existem melhoras em relação ao primeiro Homem-Aranha da franquia “antiga” que se iniciou há 10 anos atrás, mesmo assim, trata-se de uma produção com cara de aventura de herói genérica que está longe de ser espetacular.

A trama é baseada nas mesmas origens já consagradas do herói criado na década de 60 mas com algumas mudanças. Existe uma pequena pincelada no passado do jovem Peter Parker (Andrew Garfield, “A Rede Social”) e falando um pouco sobre os seus pais e como ele ficou aos cuidados de seus tios. Sai também a conhecida Mary Jane e entra na jogada como seu par romântico Gwen Stacy (Emma Stone, “Histórias Cruzadas”), dentre outras coisinhas que serviram para vender esse “reboot” como algo diferente, mas em sua essência ainda é tudo muito igual.

O roteiro não é bom, e isso seja talvez o maior problema do filme. Por mais que seja inserido em um universo fantástico com super gênios e seres, fica difícil engolir muitas situações apresentadas como, por exemplo, uma série de acasos fortuitos (quando coisas boas precisam acontecer) e infortúnios (quando coisas ruins precisam acontecer para fortalecer a jornada do herói) começam a ser jogadas na nossa cara. A própria “rede” onde todo mundo está conectado socialmente – não importando ai se precisar colocar jovens de 17 anos como gênios com acessos de alto nível em uma grande empresa científica – tira um pouco a força da história.

Peter Parker é mais uma marionete do destino, um predestinado que encontra a sua frente os caminhos que deve seguir e pessoas que dizem o que ele deve escolher e fazer, do que propriamente um herói que se descobre e trilha sua própria jornada por vontade própria, evoluindo e aprendendo com isto.

Na direção Marc Web (“500 Dias com Ela”) não se demonstrou ser o nome perfeito para um grande blockbuster como este, mas ele acerta em cheio no trabalho com o elenco. Andrew Garfield se mostra aqui, verdade seja dita, uma escolha muito acertada para o papel principal conseguindo desenvolver muito bem seu personagem “duplo”, Peter Parker, que não é bem um loser nerd completo (é até “descolado”) e sim apenas diferente dos demais, e o Homem-Aranha, que traz um pouco da veia cômica do personagem dos desenhos e dos quadrinhos nas horas das lutas que é muito bem vinda. Emma Stone continua sendo uma graça e deram até uma certa importância na trama para a sua personagem, mas parece não se desenvolver por conta do que lhe foi entregue, falta de carisma nunca será seu problema. Outro que está muito bem no elenco é Martin Sheen como o tio Ben.

Da parte do elenco que não funciona muito bem, mais culpa do roteiro do que por falta de talento, temos a apagadíssima tia May (Sally Field) e o vilão Dr. Connors / Homem-Lagarto (Rhys Ifans) que surta “do nada” (tá bom, foi por conta do soro) numa vibe esquizofrênica super do mal, que mais parece uma cópia mal feita do vilão da franquia “antiga” o Duende Verde. Não esqueçamos do capitão da polícia (que por um mero acaso é o sogro do herói) Stacy (Denys Leary) que precisa, em determinada parte, contar a mesma piada (que é até boa) duas vezes! Fico me perguntando: Será que o público atual é tão desatento e lento que precise de tantas repetições de tudo o que acontece num filme?

E os acertos existem? Claro que sim, “O Espetacular Homem Aranha” possui suas virtudes que estão além da acertada escolha do protagonista. As cenas de ação são muito boas, em principal àquelas feitas em primeira pessoa (a frustração que eu senti com elas é que são muito poucas, tinham que ter mais). Tem outras duas cenas que gosto muito aqui, uma em que ele está nos esgotos em cima de uma teia que construiu para fins “investigativos” e a do casal gaguejando e sem conseguir completar as palavras e frases para chamarem um ao outro para o primeiro encontro dos dois, são duas passagens bem inspiradas.

A base que foi construída nesse primeiro filme desta nova franquia deixa uma esperança de que os próximos possam ser melhores e superar este que não é um filme ruim, verdade seja dita, mas também não é um grande filme, e grandes histórias, grandes heróis, exigem grandes filmes.


O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man, 2012 – 136 min)
Ação, Aventura.

Dirigido por Marc Webb com roteiro de Alvin Sargent, James Vanderbilt e Steve Kloves. Estrelando: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Denis Leary, Martin Sheen, Sally Field, Irrfan Khan, Campbell Scott, Embeth Davidtz, Chris Zylka e Max Charles.

24 comentários sobre “O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man)

  1. Das coisas boas desse filme é o Garfield (melhor que o Tobey e aquela cara de abestalhado), o casal do filme que funciona melhor que Peter/Mary Jane, e o fato de ter um vilão só no filme (eu curto!).

    Das coisas ruins…a morte do Tio Ben. É a morte dele que faz peter pensar em ser herói, é um ponto crucial, de rompimento, o filme não conseguiu mostrar isso.E eu achei as cenas de ação vertiginosas um pouco de mais.

    E mais, é impossível não comparar com o primeiro filme. O primeiro foi ‘O’ primeiro, de ficar de boca aberta com os movimentos do homem-aranha, coisa que nem o 3D consegue superar, agora já foi, não vai surpreender, mas é um bom filme.

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  2. Peter Parker não ser um nerd completo foi o que mais me incomodou. Mas, não acho o filme tão ruim quanto você, hehe. Daria uns três controles. Acho que a construção do trauma dos pais, os poderes e a virada do herói interessante. A quantidade de cenas de ação, também não me incomodou, já que o roteiro centra mais na construção do herói, com o passado do garoto do que nas aventuras do homem-aranha. Mas, a história do lagarto não é mesmo grandes coisa, fica quase tola mesmo.

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  3. Os pontos levantados por você são bem precisos e justos Marcio só mesmo o peso dado que vai de encontro ao que achei, mas nada fora do comum não.

    O filme precisa melhorar mesmo, fato, para conseguir se firmar.

    Abraços.

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  4. achei esse filme no mesmo nível do primeiro filme da franquia anterior
    não tem como esperar nada demais.

    ponto forte são as cenas de ação que ficaram excelentes, a fluidez dos movimentos do personagem são “Oh!”

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  5. eu também num fui muito com acara desse Razoável Homem-Aranha não…confesso que quase durmo no cinema…cochilei muito até a parte da ação começar…prefiro a de Sam Raimi..pra mim foi um Reboot desnecessário e muito sedo..e aquela cena pós credito? a pior cena pós credito da Marvel que já fizeram….nem vilão certo tinha!!

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  6. “não importando ai se precisar colocar jovens de 17 anos como gênios com acessos de alto nível em uma grande empresa científica”

    esse tipo de ingenuidade prejudica bastante, ainda mais por terem dado um tom mais realista em boa parte do filme.

    concordo quanto ao Garfield, o cara é ótimo… mas eu achei as cenas em primeira pessoa um tanto estranhas, vi em 3d.

    seu paragrafo final me fez lembrar de outra coisa que não gostei, o fato de terem modificado o famoso diálogo do Tio Ben “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”

    Sacanagem…

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  7. Concordando com você em vários aspectos da sua crítica, me atrevo a dizer que você traduziu o erro do filme quando cita que ele é apenas uma marionete do destino, e não o herói que todos esperávamos ver nas telonas. Uma pena porque esse Peter ficou bem mais próximo do homem aranha dos gibis. Que vacilo esse roteiro.

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    1. Mesmo sendo uma ficção existe uma coisa chamada “Fé Cênica” que quando abalada prejudica bastante Thiago.

      E é uma aventura bem “genérica” e meia boca para um grande herói como o Homem-Aranha, mas essa é apenas a minha opinião.

      Grande abraço

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  8. Eu gostei, acho que assistiria de novo pelo casal e como vc disse pelas cenas em primeira pessoa! O problema mesmo foi o lagarto que a meu ver não estava muito dedicado no papel… no mais é o que Jacy falou.

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