Depois de ter dedicado 12 anos consecutivos às animações e computações gráficas, Robert Zemeckis, que marcou o mundo do cinema e da cultura pop com grandes produções como a trilogia “De Volta Para o Futuro”, “Uma Cilada Para Roger Rabbit” e “Forrest Gump”, retorna para os trabalhos live action (seu último tinha sido o premiado “O Náufrago” no ano 2000) com uma história sobre ética, mentiras e consequências.
Indicado a 2 Oscars, o de melhor ator para Denzel Washington (“Incontrolável”) e melhor roteiro original, “O Voo (Flight)” começa intenso. Toda a cena do voo é muito bem produzida e consegue trazer a tensão dos assentos do avião para as poltronas do cinema. O acidente aéreo e a manobra ‘impossível’ realizada pelo piloto Whip (Denzel Washington) foi inspirada em um acidente aéreo que, na vida real, infelizmente não obteve a mesma sorte que na história deste filme.
Ao fazer a manobra de inverter a nave e depois conseguir uma aterrisagem forçada num campo, o piloto Whip conseguiu salvar quase todos no avião, de 102 pessoas apenas 6 morrem. Tido pela imprensa como herói e tendo em vista que o acidente se deu por motivos mecânicos, as coisas começam a complicar quando se descobre que ele estava alcoolizado e sob efeito de cocaína durante o voo.
E é neste ponto que a história perde um pouco de sua força inicial, o filme se torna um pouco morno e se estende talvez tempo demais nos dilemas sobre o alcoolismo. A discussão ética levantada é áté interessante e, de fato, a atuação de Denzel vale até a sua indicação ao Oscar. Fora seu trabalho inspirado, o elenco coadjuvante está em um nível bom também, com um destaque para John Goodman (“Argo”) que faz um divertidíssimo personagem responsável por alguns bem vindos alívios cômicos (e ele já entra em cena ao som de “Sympathy for the Devil”).
O cineasta Robert Zemeckis prefere planar em uma zona menos turbelenta e entrega aqui um trabalho cauteloso e que se ancora em alguns clichês do gênero. Engraçado notar que ao assistir o trailer parece que se trata de mais um daqueles filmes sobre acidentes que vão terminar em longos julgamentos, mas não, Zemeckis opta por fazer na verdade um estudo sobre um personagem e sobre o alcoolismo. Afinal, Whip é um herói ou é uma pessoa detestável? E qual o seu merecido destino, mesmo tendo salvado a vida de dezenas de pessoas?
É verdade que não precisava ser tão longo, de qualquer forma Robert Zemeckis consegue encerrar de maneira digna (apesar de ser até um pouco previsível) a sua história. Ainda que não seja um daqueles trabalhos imperdíveis ou espetaculares, “O Voo” trata-se de um bom filme e que faz valer o seu investimento, principalmente pela atuação inspirada de Denzel Washington.
O Voo (Flight, 2012/2013 – 139 min)
DramaDirigido por Robert Zemeckis com roteiro de John Gatins. Estrelando: Denzel Washington, Don Cheadle, Melissa Leo, Bruce Greenwood, John Goodman e Kelly Reilly.
É, to curioso pra ver essa volta de Zemeckis ao cinema de carne e osso. Apesar de que seus filmes em “animação” são bem legais.
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Não assisti todos eles ainda, mas os que vi eu gostei.
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É um filme interessante, principalmente pela tensão no voo.
Pequenos possíveis Spoilers:
Mas, me intrigou a lógica evangélica por trás da trama. Deus é citado em vários momentos, e é se segurando em Deus que ele resolve mudar. Tem um quê evangélico, até porque o filme faz questão de colocar as drogas e álcool em um mundo de excessos. A mensagem final é essa, ele estava no pecado, com drogas e álcool, mas acabou vendo o caminho do bem e mesmo preso, estava mais feliz e se aproximando do filho.
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Exatamente Amanda, não comentei no texto mas você tem toda a razão, a todo instante é citado isso e a conclusão do filme fecha esse pensamento realmente.
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Marcio, não passei aqui antes porque estava viajando. Gostei muito do teu espaço, de extremo bom gosto. Vou favoritar lá no Espectador Voraz para poder acompanhar. Ótimo texto, gostei do Voo, apesar de sua convencionalidade. Denzel está muito bem. Combinamos na nota (3/5).
Abração!!
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A ideia aqui é ser mais superficial e descompromissado mesmo Celo. Desta vez combinamos na nota, nem sempre deverá ser assim hehehhe.
Já tenho seu blog no meu feed rss, sempre que assisto e depois que escrevo leio os textos dos filmes e comento.
Abração!
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interessante,filmes com o Denzel Washington sempre me agradam,só não gostei muito daquele o sequestro do metrô 123,achei meio tosco.
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Depois de ver o trailer fiquei curiosa pra assistir e, pelo seu comentário, Marcinho, o problema no voo é apenas o ponto de partida para a verdadeira intenção do filme, parece bem interessante, acho que pode ser uma boa pedida.
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O trailer é um dos melhores que assisti ultimamente e tava bem empolgado pra ver. Achei interessante que vc e Amanda escreveram praticamente o que achei do filme: início arrasador, que depois vai perdendo força.
Dos indicados ao Oscar, acho que Denzel é o que menos merece levar, achei a atuação apenas correta.
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Como sempre, Denzel Washington broca! Mesmo quando um filme é razoável, como este, a sua atuação sobrepõe. O cara nasceu pra isso. Valeu a pena eu assisti-lo no cinema.
John Goodman, sem comentários! Eu ri muito nas três cenas em que ele apareceu.
Abraços Márcio!
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Praticamente fechei a maratona pré Oscar com este filme.
Eu gosto do Robert. Ele é um diretor honesto que acertou a mão num filme e fez outros competentes. Em Voo ele prova mais uma vez que isso; honestidade. Como bem dito por você ele não força a barra, nem se aventura demais. Busca mais o voo de cruzeiro, sem turbulências. Isso, claro, traz consequências, pois o filme que arrisca e ousa sempre pende mais para o sucesso ou fracasso e muitas pessoas simplesmente não gostam de viver perigosamente. EHEH.
Forrest Gump nada mais é senão isso. Uma história bem contada, o que fez dele marcante foi uma interpretação marcante e o carisma dos personagens, fora isso é uma obra bem simplista.
Em O Voo não é diferente. Um filme simples, sem excepcionalidades, mas que conta com uma boa interpretação de Denzel (lugar comum e nem é a melhor dele nos últimos tempos) que rende a ele a indidicação este ano, muito bom, pois é um ator que conta com certa resistência da Academia.
Neste nós iremos concordar um pouco mais caro Márcio. Que macumba você fez para assistir tantos filmes tão rapidamente e mesmo antes de estrearem? Tá cheio de moral hein? AHAHA!
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Na verdade a “moral” eu conquistei tem um tempo entrando em contato com algumas pessoas da cabine de imprensa em Salvador, o problema é que 95% delas ocorrem em horário comercial (geralmente pelas manhãs de segunda a quarta) e fica inviável para mim.
Mas ocorre que estou de férias e venho aproveitando muito, só não estou conseguindo escrever na mesma velocidade hehehehe
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Safadenho! É isso aí!
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