Filme: Gravity 2013
Elenco: George Clooney e Sandra Bullock.
Direção: Alfonso CuarónSinopse: Dois astronautas sofrem um acidente enquanto trabalham no conserto de um satélite e iniciam a luta pra conseguir voltar a Terra.
É complicado quando um filme chega aos cinemas com enormes letreiros de Maravilhoso/ Impressionante ou figurando entre os melhores de 2013. A curiosidade misturada a alta expectativa pode facilmente prejudicar a percepção final. Por muito pouco não caí nesta armadilha e posso dizer que Gravidade foi uma experiência cinematográfica. Antes de falar do filme em si gostaria de pensar um pouco em Sandra Bullock. Não conheço tanto os mecanismos que envolvem as escolhas dos atores para os projetos, o lobby, posição dos estúdios, a disponibilidade dos interessados, o potencial do agente, os mais cotados da temporada… o que pesa mais ou menos para que um determinado ator consiga um papel. Mas independente desses fatores, no geral, como uma atriz do patamar de Sandra Bullock consegue desperdiçar tanto talento e guiar a carreira dela em direção a filmes entre medianos e ruins? Em determinado momento de Gravidade, quando um dos astronautas se encontra “à deriva” apenas sendo levado me parece que é assim que ela se sente. Outro que tem o mesmo problema é Ryan Reynolds. Depois de provar que é um ator com enorme potêncial (vide Enterrado Vivo), como ele consegue se meter em tanto projeto furado? Como?
Como disse acima, Gravidade é uma experiência cinematográfica. O visual do filme é algo impressionante e não me lembro de ter visto nada nem parecido em qualquer outro filme tendo o espaço como background. Pode ser que em 2011 Uma Odisseia no Espaço tenha tido este efeito na primeira vez que foi visto mas não tenho como precisar. O filme e muito rápido, enquanto ainda estamos fascinados com o pano de fundo em que somos jogados, os personagens são apresentados e de repente acaba tudo. A aflição é muito grande e você entra em uma espécie de sentimento paradoxal: Como você pode se sentir tão claustrofóbica em um ambiente tão aberto? Aliás, no ambiente mais aberto que existe? Alguns filmes tentaram dar essa sensação de aprisionamento sem muros sem conseguir o mesmo efeito como em Mar Aberto (o oceano como opressor) e Os Outros (quando a personagem sai da casa é quando se sente mais sufocada).
Alerta de Muitos Spoilers.
Pensando bem, que vilão maravilhoso é o espaço. Ele está em todo o lugar, tentando te levar com ele para o mais longe de casa possível. Nas histórias de terror quando alguém comenta sobre um buraco sem fundo é como cair pra sempre e deve ser assim que Matt e Ryan se sentiram. Você fica o tempo todo ao lado deles; quase dá pra sentir que se esticar o braço um pouco mais vai ajudá-los a se segurarem em algo. E Sandra Bullock junto com o espaço fazem um dueto sensacional. Depois que acabou o filme fiquei pensando como aquilo foi filmado, como planos tão longos e legais foram feitos. Ela fez o melhor filme de sua carreira e deve ser premiada por isso, principalmente se imaginarmos que toda essa leveza de heroína trágica foi feita com uma tela verde ao fundo. A única coisa que me incomodou foi o pretexto do acidente… mísseis russos? Um míssel russo atinge um satélite, promove uma reação em cadeia e praticamente acaba com toda a comunicação em território americano? Oi? Mas após cinco minutos eu já tinha esquecido disso e estava prendendo a respiração junto com a personagem. Outras coisinhas importantes:
– Se o seu oxigênio está baixando significativamente o que você faz? Silêncio! Um astronauta experiente como Matt fazendo a Dra. Ryan conversar naquela situação só me levou a uma conclusão: Ele não achou que ela conseguiria. Pensou que ela morreria antes de chegarem a estação e queria apenas que ela partisse calmamente;
– Belíssima cena em que Dra. Ryan entra na estação e flutua em posição fetal;
– Todas as imagens da Terra são impressionantes.
– O momento em que Dra. Ryan está partindo para o infinito e além e se estica toda tentando se segurar em algo é muito angustiante;
– A surpresa quando Matt entra na estação, abre a escotilha e nada acontece… no momento cheguei a pensar que aquela situação absurda tinha acabado com o filme. Mas um colega me chamou a atenção que aquele poderia ter sido também um bom final para a personagem de Sandra.
– Quando ela sai do mar e renasce uma outra mulher.
…
É muito bom saber que o cinema pode se transformar lhe mostrando surpresas de onde você nunca espera… do vazio.
nossa,vc meio que me deu uma desanimada com essa crítica,mas ao mesmo tempo falou bem pra kramba hahaha,digo isso pois gosto do trabalho da Sandra,mas tenho que concordar com vc quanto aos filmes que ela faz,nem todos são bons.não vi o filme ainda mas estou muito anciosa,por isso nem li a parte do spoiler,mas eu entendi seu ponto de vista:)
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Li apenas o comecinho Dani e irei assistir o longa neste fds. Espero que seja tudo que o trailer aparenta. Quanto ao lance da Sandra e do Ryan eu te digo, para mim, eles são os típicos de atores que apenas “acertaram” em alguns papéis por causa das circunstâncias do que por talento próprio mesmo.
O ator acima da média faz boa parte dos papéis medíocres ainda sim serem toleráveis, enquanto o ator medíocre apenas consegue isso com excepcionais roteiros. Veja Brad Pitt, por exemplo. Ele é apenas um ator mediano, pois mesmo com ótimos roteiros em mãos ainda não conseguiu entregar atuações épicas como, por exemplo Javier Bardem.
Assim como Sandra e Ryan tem milhares. Ela é uma atriz mediana e ele também só que, para mim, o Ryan ainda é mais simpático que a Sandra.
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Bill,
Entendo seu ponto de vista mas fico me perguntando se um ator mediano segura um filme inteiro sozinho. As vezes o filme pode ter um tremendo roteiro, direção… mas se o ator não for bom pode afundar o projeto. Em Enterrado Vivo por exemplo, se o Ryan Reinolds não tivesse talento iria jogar tudo por água abaixo… afinal era só ele. Sem grandes efeitos, sem outro canto pra olhar, só ele. Um ator mediano não segura não. Acho mais fácil bons atores fazerem um ou dois filmes bons e muitos outros médios do que o contrário.
Quanto a Brad Pitt eu gosto dele atuando. Em um dos meus filmes favoritos inclusive: Clube da Luta!
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Pois é Dani, Bullock segurou o filme todo e ela já fez outras participações interessantes, raras, mas fez.
Acho que, pelo menos no caso dela, é mais questão de escolhas ou destino, sei lá.
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Sinceramente não me interesse pela trajetória dos atores. Para mim é indiferente.
Agora não há como negar que esse filme é claustróbico! Frenético do início ao fim sem se perder na imensidão do inócuo espaço!
Imperdível! Um dos melhores thrillers dos últimos tempos!
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Dani, excelente filme, finalmente pude ler a sua critica hahaha.
Fiquei preso na cadeira com o nivel de oxigênio cada vez mais baixo. Quando finalmente consegui respirar o filme terminou.
Você descreveu muito bem o filme e tive quase as mesmas observações que as suas em relação a cena de Bullock em posição fetal, ao seu “renascimento” e tal.
Sensacional, realmente é bom ir ao cinema e se deparar com uma obra assim, que nos faz voltar a ter fé no bom cinema, no cinema espetacular, no cinema que nos transporta para outro mundo naqueles minutos, que nos tira o ar.
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Assisti o filme também e curti muito. Ainda que tenha uma ou outra escolha para lá de clichê no meio é um primor técnico e irá concorrer a alguns prêmios. Sandra faz um bom papel e consegue, dentre tudo que já vi dela, extrair sua melhor representação. Não que tenha sido um espetáculo de expressão facial, mas a corporal é bastante competente, não há como negar.
Alfonso Cuaron é demais. Um sujeito que consegue fazer um Harry Potter ser bom consegue qualquer coisa! Olha que já achava este capítulo de Harry o melhor de todos, tirando o último, ainda quando tinha pouca noção do que observar num filme.
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Sandra disse em entrevista que finalmente suas aulas de dança, ginástica e balé serviram para alguma coisa e ajudaram muito ela nessa questão de suas expressões faciais e tudo o mais. E Cuáron é foda, ainda fez aquele ótimo “Filhos da Esperança” que tem um dos melhores planos-sequência que já assisti.
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Nem comentei de filhos da esperança porque é um trabalho original e é um filme excepcional, PQP! Melhor de Clive Owen, diga-se de passagem.
Harry Potter sim foi surpreendente até porque tinha vindo de duas bombas e de repente sair algo tão bom só alguém muito competente para conseguir este feito. Depois ainda sofri vendo outros fraquinhos, para só no final melhorar novamente.
Olha que, no fundo, no fundo nem dá para dizer que o último (o último mesmo!) é melhor, pois como toda história o final sempre condensa as maiores emoções.
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O filme é fascinante, único e envolvente. Mas tenho que dizer, Dani Vidal você escreve de uma forma impressionante, compartilhei suas sensações lendo suas palavras. Parabéns!
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Cleiton, muito obrigada pelas palavras!
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é um filmaço, gostei muito só não achei ele digno de ser o melhor do ano, ele na minha lista poderia está na ultima posição e ainda receberia 3 controles, esse é um dos poucos filmes da Sandra Bullock que gostei apesar de não ser fã da atriz..mais vale apena da uma coferidinha é um filme bem realista…
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A questão é que existem algumas camadas em gravidade, mas na “superfície” é um ótimo filme de suspense e sobrevivência, mas para quem quiser ir mais além existem metáforas sobre a vida, recomeço, zona de conforto e por aí vai, por isso achei o melhor e também por ter sido uma grande experiência no cinema.
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