Passado as primeiras polêmicas em relação a adaptação do pequeno e simples livro do “Hobbit” para os cinemas em três longos filmes, “O Hobbit – A Desolação de Smaug (The Hobbit – The Desolation of Smaug)” consegue se livrar de alguns compromissos inerentes a todos os primeiros episódios de uma trilogia (ou grande franquia) e consegue focar mais nos personagens e na aventura, fazendo deste segundo capítulo um filme mais divertido e empolgante do que primeiro, ainda que deixe uma flecha negra apunhalar os fãs mais xiitas da obra do grande mestre Tolkien.
Seguindo de onde paramos no ‘primeiro capítulo’, acompanhamos Gandalf (Ian McKellen, “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada”), Bilbo Bolseiro (Martin Freeman, “Chumbo Grosso”) indo em direção à Montanha Solitária na missão para ajudar a trupe de anões liderada por Thorin (Richard Armitage, “Capitão América: O Primeiro Vingador”) a recuperar o seu lar e ainda um poderoso artefato. Dentre os vários obstáculos nesta jornada, o principal se chama Smaug, um poderoso dragão que vive dentro da montanha sobre as toneladas de riqueza que lá estão guardadas.
Desta vez os longos 161 minutos, pelo menos, são melhor aproveitados com algumas sequências de pura tensão e muita adrenalina. Como destaque ficam as cenas com as aranhas na floresta negra e, principalmente, a cena em que vemos os anões e Bilbo descendo um rio dentro de barris enfrentando nesse caminho uma horda de orcs mas tendo como auxílio a presença dos elfos (que acrescentaram muito à trama) Legolas (Orlando Bloom) e Tauriel (Evangeline Lilly, “Gigantes de Aço”).
Já perto do desfecho existe uma alternância de eventos um pouco exagerada, claro, todos queremos ver Bilbo tentando bajular o grande, o incrível, o temível Smaug e não saber os percalços de Gandalf ou as amarguras do triângulo amoroso entre dois elfos e um anão criada numa tentativa vã de dar algum peso romântico na história. E é justamente no desfecho que algumas mudanças significativas em relação a obra original surgem e podem, aliás devem, deixar os fãs mais fervorosos de Tolkien consumidos pelas trevas.
A parte visual e dos efeitos especiais continua excelente (tá, aquele ouro fervente líquido poderia ser melhor), nisso Peter Jackson continua praticamente infalível e ele conseguiu em “A Desolação de Smaug” criar o mais aterrorizante e perfeito dragão já feito para o cinema. A trilha sonora também contribui para dar o peso necessário nas situações mais tensas e o filme conta, em alguns momentos, com ótimos alívios cômicos, a maioria deles capitaneados pela excelente (mais uma vez) atuação de Martin Freeman como Bilbo, Ladrão, Mestre dos barris, Bolseiro. Aliás, o elenco todo merece os parabéns por entregarem ótimas atuações.
Daria para o filme ser menor do que é? Sem dúvidas. Para aqueles que não são afeitos a obras de fantasia medieval o que deveria ser diversão pode se tornar uma tortura, mas para todos aqueles que gostam do universo de Tolkien tem tudo para amar este segundo filme. Claro, desta parcela precisa-se excluir os fãs xiitas que acreditam que o livro “O Hobbit” é um tomo sagrado que não pode ser alterado em uma adaptação para o cinema.
Não é um filme perfeito e fica claro que os problemas apresentados são por conta da ganância, que não é apenas o mote principal da trama de “O Hobbit – A Desolação de Smaug”, é o que moveu os produtores e responsáveis por transformar uma pequena e simples história em três longos filmes, ainda assim, pelo menos nessa segunda parte, é tudo tão divertido e emocionante que se torna (para aqueles que entendem que adaptações não são transcrições de obras originais) uma experiência incrível e uma das mais válidas neste ano de 2013. Mais 3 horas de Terra Média estão por vir, você está preparado para esta aventura?
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- Assistir em HFR traz uma grande diferença. Assisti o primeiro e este segundo filme nesta tecnologia e, acreditem, vale a pena porque fica tudo muito “real”.
- Aproximei, mais uma vez, a classificação para cima (não é perfeito ou muito menos nota 10) por ainda ter fé em Peter Jackson e, principalmente, por entender que adaptações podem (e as vezes até devem) mudar algumas direções em relação à obra original.
- Sim, eu sei que o principal motivo das mudanças são as moedas de ouro que eles querem ganhar, e acreditem, vão ficar com uma pilha igual a de Smaug se depender de mim e de todos que amaram “A Desolação de Smaug”.
- Peter Jackson aparece nos primeiros segundos do filme.
- Peter, não dá cara, a gente não consegue torcer por Thorin. Desista.
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O Hobbit – A Desolação de Smaug (The Hobbit – The Desolation of Smaug, 2013 – 161 min)
Fantasia, AventuraDirigido por Peter Jackson com roteiro de Peter Jackson, Philippa Boyens, Fran Walsh e Guillermo del Toro. Estrelando: Martin Freeman, Ian McKellen, Richard Armitage, Luke Evans, Stephen Fry, Benedict Cumberbatch, James Nesbitt, Adam Brown, Aidan Turner, Dean O’Gorman, Graham McTavish, John Callen, Stephen Hunter, Mark Hadlow, Manu Bennett, Peter Hambleton, Ken Stott, Jed Brophy, William Kircher, Jeffrey Thomas, Mike Mizrahi, Sylvester McCoy, Lee Pace e Barry Humphries.
valeu apena eu ter pago 30 reais pra ir assisti esse filme na melhor qualidade possível, e que é os 48quadros em 3D que foi coisa de louco, conseguiu superar o primeiro, teve mais ação é foi muito mais sombrio, foge muito do livro ao querer fazer ligações diretas com o senhor dos Senhor dos anéis algo que eu achei até legal, e pra mim surpresa do filme foi a revelação do necromante que eu fiquei de boca aberta, já estou me programando pra ver de novo essa semana provavelmente almahã, minha fome não se saciou só vendo uma vez….pra esse foi o melhor filme do ano, bem ese meu ultimo filme que vou ver este mês e fechar minha lista dos melhores…
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É isso aí Thiago, fico feliz que você também tenha gostado bastante do filme. E a questão do HFR (os tais 48 quadros) PQP hein meu velho? Sensacional realmente. Eu recomendo para todos que ainda não conhecem a tecnologia a irem assistir, fazer o esforço financeiro e tal e pagar pra ver porque é algo realmente fora do comum.
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e eu estarei lá de volta outra vez! com certeza!
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o primeiro filme, foram adaptados os 6 primeiros
I. Uma festa inesperada
II. Carneiro assado
III. Um breve descanso
IV. Montanha acima, montanha adentro
V. Adivinhas no escuro
VI. Da frigideira para o fogo
A desolação de Smaug foram os outros 6
VII. Estranhos alojamentos
VIII. Moscas e aranhas
IX. Barris soltos
X. Uma acolhida calorosa
XI. Na soleira da porta
XII. Informação de dentro
e o ultimo filme da saga ” lá de Volta outra vez” será adaptados os últimos 7 capítulos que restam!
XIII. Fora de casa
XIV. Fogo e água
XV. Tempestade à vista
XVI. Um ladrão na noite
XVII. Explode a tempestade
XVIII. A viagem de volta
XIX. A última etapa
mudando um pouco que minha opinião 3 filmes não é exagero, ele soube dividir tudo certinho, que chegue logo a terceira parte!
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Fiquei até com vontade de reler o livro! Também estou ansioso pelo 3º filme.
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Fala Márcio!
Eu não vou comentar (ainda) a respeito da resenha ou do filme porque ainda não o assisti. Apenas discutir dois pontos, não discordando, apenas tentando alimentar o caldeirão de informações (acho que você vai compreender, mas eu sempre gosto de explicar pra o autor da resenha não achar que eu sou o fã chato querendo que todo mundo goste de tudo, até porque não assisti o filme ainda :P):
• A maioria das inserções dos filmes e da “mudança de tom” são baseadas em anotações do próprio Tolkien nos anos 50/60, que achou por bem adicionar informações à história para aproximá-la de O Senhor dos Anéis. Como disse PJ, essa não é a adaptação d’O Hobbit dos anos 30/40, e sim do que ele se tornou nas décadas seguintes nas anotações do mestre (que caem no domínio dos direitos dos filmes). Sei que isso não acalma a nerd rage dos fãs mais xiitas, mas pelo menos dá aquela sensação de que não é simples revelia do PJ (exceto a Tauriel de Phillipa Bowen, que eu pessoalmente achei uma ótima e necessária inserção, mas não sei se ela ficou mesmo uma personagem forte ou só o interessezinho romântico do Legolinhas).
• Essa ganância dos estúdios infelizmente é algo necessário no mercado cinematográfico, especialmente o de hoje onde é preciso muito mais malabarismo que um bom filme pra levar os milhões e bilhões que fazem o estúdio achar um filme rentável. Se não fosse assim, O Hobbit jamais iria para o cinema (lembrando que esse filme andou numa corda bamba por muito tempo). Os fãs xiitas podem dizer que era melhor assim, mas eu prefiro ver anões bizarros e um Beorn tosco do que perder todo o resto do sonho de ver esse livro ganhar vida. 😀
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Que excelente comentário meu velho, muito bom mesmo, parabéns.
Em resumo, a males (o da ganância comercial) que as vezes vem para o bem não é mesmo? Eu só quis mesmo destacar alguns pontos para não parecer ‘alienado’ e tal, mas de qualquer forma adorei o filme e aposto que você também deverá gostar.
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Essa cena dos barris é muito boa, adrenalina pura mesmo. Também não gostei da alternância das sequências no fim, quebrou o ritmo pra mim.
Eu sou um dos poucos que preferiram o primeiro filme… de qualquer forma, acredito em um bom encerramento para a trilogia. Vamos ver…
PS: A personagem da Evangeline Lilly foi uma ótima adição a trama, garantiu uma forte presença feminina, bem melhor do que a Liv Tyler na trilogia do Anel…(!)
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Sim, Evangeline Lilly foi muito bem no papel, acho que ela até ofuscou o grande Legolas em minha opinião.
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Sim Marcio, eu entendi (e veja, não discordei). E imagino que vou reconhecer os erros do filme (como reconheço os do anterior), mesmo sendo fã, assim que ver. 😀
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Aguardo a sua análise pós-filme agora. Grande abraço!
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Sim, esse é um pouco melhor que o 1º, mas mostra o quanto no 1º realmente não acontece nada. Aqui ainda acontece alguma coisa. hahahahaha…
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Sabe o que é isso Ramonaldo? Você nunca se emocionou ao jogar Hero Quest ou então a enfrentar dungeons em D&D com seus amigos nerds (e virgens) na adolesncência, por isso esse coração escuro hahahaha
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Evangeline Lilly como elfa, foi legal, a personagem não existia, mas acabou funcionando. Porém, o clima de romance com o anão é absurdo demais, até por não ter sido construído de uma maneira plausível…
No geral, é um bom entretenimento.
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Primeiro é absurdo termos anões “bem afeiçoados”, são quase humanos convenhamos, vide este em questão e até mesmo o próprio Thorin que é quase uma versão pet de Aragorn hehehe. Daí para ter um “flerte” com uma Elfa é um pulo hahhaha.
Eu não vi a necessidade desse romance também, mas não achei que ele atrapalhou a história.
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Desculpa Márcio, mas discordo mais uma vez de você meu colega e porque não amigo, mesmo que em mares virtuais, ainda que na mesma cidade.
Não acho que se deva jogar toda a mudança realizada por Peter e, em virtude de pressões dos estúdios, para o tapete simplesmente porque o filme é bem feito tecnicamente (normal para o padrão PJ) e conta com enxertos para desviar a atenção disso com cenas exageradas de ação.
É muito importante que as pessoas que tem o conhecimento e a confiança para falar sobre o assunto que coloquem sua opinião livre de amarras e influências, mesmo aquelas que nos conduzem sem nem mesmo notarmos.
O filme é uma adaptação fraca, não porque foge do que é o livro, mas pelo foco das mudanças que realiza. Ele perde sua excepcionalidade e vira apenas um genérico bem realizado e com belo orçamento. Aqui Bilbo não é o principal, sua jornada, mas sim o quão espetaculoso será o próximo desafio que irá enfrentar. Este não é o mote de “O Hobbit” e adaptá-lo para o cinema não precisa ser uma descaracterização de sua proposta básica.
Por isso é um filme até muito bom para quem não leu o livro e visto dessa maneira pode sim ter uma nota excelente, mas, para nós, é preciso pisar no freio e avaliar com mais prudência tudo que está envolvido e não apenas o desejo de vê-lo adaptado e as desculpas para as mudanças serem usadas como recursos em suas distorções.
Ser fã xiita não tem a ver com isso. Este Hobbit apresentado nos cinemas não é de longe O Hobbit que Tolkien nos introduz e, por isso não consegue trazer muito de toda sua qualidade e especialidade. Uma pena mesmo. Poderíamos ter uma obra com bilheteria menor, mas iconográfica para a posteridade, mas trocou-se isso para se ter mais um campeão de bilheteria que pouco será lembrado como algo único e marcante.
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Entendo o seu ponto de vista e eu vi as mudanças que ele fez foram para ter uma “melhor” ligação com a saga do Senhor dos Anéis e, de quebra, dar alguma importância para outros personagens e fazer jus a ficarmos 10 horas acompanhando essa hostória.
Entendo a frustração de não ver o livro sendo fielmente interpretado em tela, mas eu não vejo isso como demérito. Seria se o que ele fizesse ficasse sem sentindo, afinal, a maioria das pessoas que vão ao cinema não leram e nem vão ler os livros.
E eu, sinceramente, acho que se ele fosse fazer algo menor e mais fiel aos livros, essa ideia nem sairia do papel porque funcionar no livro [é uma coisa, na telona o jogo é diferente. Pelo menos eu penso assim apesar de respeitar sua opinião e até concordar com algumas coisas que você disse.
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Olha, é como eu falei, boa parte dessas mudanças que o fazem dizer que é uma adaptação ruim vieram do punho do próprio Tolkien. Se não acredita em mim, procure a entrevista de Peter Jackson onde ele e Phillipa Bowen falam sobre os desafios de adaptar a obra (e ele diz mais uma vez que não voltará à Terramédia).
E bem, a opinião de ninguém aqui é livre de amarras e influências, já que todos parecemos ter lido o livro, certo? 🙂
E para uma história dessas, uma enormidade de produção dessa (incluindo cenografia, efeitos especiais, elenco e tudo mais), não tem como fazer uma “obra com bilheteria menor” sem ficar extremamente tosca. É só olhar as “obras com bilheterias menor” de fantasia que tem por aí. Daí, o jeito é virar blockbuster mesmo.
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Tranquz grande Márcio! Falo mesmo, pois me sinto à vontade para tanto, assim como você também tem total liberdade para isso. A minha estará saindo por estes dias e nela desenvolvo um pouco mais dos meus motivos, ainda que tenha colocado a ideia geral deles aqui.
Abraços!
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Quando eu comento algo desse tipo eu copio e colo logo em meu texto, se não as ideias somem uhauhauhaha.
Vou aguardar o seu parecer!
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