Cinema e religião sempre tiveram uma relação conturbada e cheia de polêmicas ao longo dos anos. O número tímido de produções do gênero encontradas nas salas de cinema comprova que poucos são aqueles que se aventuram a explorar temas que são sagrados para muitos. Mais raros ainda são aqueles como Darren Aronofsky que, sem medo, resolvem “brincar” e criar uma obra fantástica com base em um dos contos bíblicos mais conhecidos do mundo.
Deus, o Criador, chateado com a maldade dos homens, resolve inundar a terra para dar uma limpada e recomeçar tudo de novo. Noé (Russel Crowe, “O Homem de Aço“), um sujeito de uma linhagem antiga e ‘especial’, recebe uma visão/chamado do Criador para salvar os inocentes dessa “formatada” que ele vai dar no planeta, ou seja, os animais. Com a ajuda dos vigilantes, gigantes de pedra que são na verdades antigos anjos caídos (uma espécie de Transformers do criacionismo), Noé e sua família começa a construir uma arca para abrigar todos animais e salvá-los do apocalipse que virá em forma de um grande dilúvio.
A visão sobre o conto bíblico de Noé e sua arca trazida por Darren Aronofsky é espetacular, ele simplesmente transformou a história em um verdadeiro épico de fantasia que nos remetem a outras grandes produções do gênero repleto de batalhas grandiosas, criaturas fantásticas e paisagens belíssimas (a fotografia do filme é linda de morrer), tudo isso sem esquecer de importantes temas religiosos (a todo instante o pecado original é relembrado, por exemplo).
Do elenco o grande destaque fica para atuação assombrosa de Russel Crowe, uma das melhores de sua carreira. O elenco coadjuvante também não faz feio, ainda que Logan Lerman (“As Vantagens de Ser Invisível”) fique a todo instante com uma cara de paspalhão, até mesmo a querida Emma Watson (“Bling Ring – A Gang de Hollywood”) dá conta do recado. Outro destaque fica para o vilão interpretado por Ray Winstone que foi muito bem inserido na trama.
Não é um filme perfeito, além de parecer se estender um pouco mais do que o necessário, o terceiro ato traz um Noé que flerta com a loucura – aposto que foi aquele chá que ele tomou com Matuzalém (Anthony Hopkins, “Thor – O Mundo Sombrio”) – e é a parte menos interessante do filme, que acaba entrando em contraste com o início avassalador ou ainda a parte envolvendo os homens querendo se salvar e fazendo da Terra um verdadeiro retrato do inferno.

Darren Aronofsky nos brinda com um épico baseado em uma das histórias bíblicas mais “fantasiosas” e, sem medo, rompe as barreiras entre o cinema e a religião com um filme grandioso e que, para alguns, infelizmente, parece ir “longe demais“, ou seja, um típico filme de Aronofsky.
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- O filme foi proíbido de ser exibido em alguns países como o Paquistão e Irã.
- A recepção perante os religiosos mais fervorosos não tem sido muito boa, uma vez que, para eles, algumas coisas são sagradas e não devem ser mexidas.
- A passagem em que a história da criação é contada por Noé à sua família já perto do desfecho do filme é coisa linda de
Darren AronofskyDeus - Será que no final venceu realmente a vontade de Deus?
Noé (Noah, 2014 – 138 min)
Fantasia, Drama, AventuraDirigido por Darren Aronofsky com roteiro de Darren Aronofsky e Ari Handel. Estrelando: Russell Crowe, Ray Winstone, Jennifer Connelly, Emma Watson, Anthony Hopkins, Logan Lerman, Douglas Booth.
Eu, assim como muitos, me decepcionei com esse filme. Pelo menos a companhia valeu o ingresso. 😀
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O que importa é que, quanto nada, não foi viagem perdida a ida ao cinema hehehehe
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eu também achei o filme genial, muito bem produzido.. e o filme não foge muito da bíblia na minha opinião, espero ver outras adaptações deste mesmo nível, Exodus vem aí com Christian Bale no papel de Moisés o que será que vai sair da cabeça de Ridley Scott? estou curioso par ver!
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Apesar dos ‘criacionistas’ serem os que mais reclamam do filme, realmente ele utiliza vários elementos da bíblia apenas adicionando um pouco de fantasia. Talvez a pegada de Noé e toda a discução a respeito da “justiça” (aniquilar a humanidade mesmo que existam pessoas inocentes no meio é justo?), bondade, maldade, etc, tenha revoltado os mais fervorosos.
Moisés Batman? Porra, man, vai ser bom hein?! hehehe
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Eu achei o filme bom apenas. Acho que o maior problema das pessoas ao irem assistir e não gostarem é o velho mau hábito de ir fazer coisas sem saber o que elas são ou pretendem. As pessoas tem que procurar fazer as coisas com um pouco mais de critério e não por que todo mundo faz. É um terrível mal dos tempos atuais muito presente em fatores de cultura pop. O cinema é um deles, sem dúvida.
Voltando ao filme achei a direção boa, com alguns momentos superiores como o uso do stop motion nos gigantes de pedra, mas as atuações em geral são sofríveis e o caminho optado na terça parte é muito infeliz por se apoiar em assuntos tolos como dramas familiares.
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Realmente neste ponto você tem toda a razão, as pessoas estão fazendo as coisas mesmo sem critérios e o cinema virou fast-food, infelizmente em partes para a sua própria sobrevivência. Acabei de chegar do cinema e acompanhei um casal de uma certa idade indo ver Divergente só pelo horário, sem nem saber do que se trata hehehe. Daí para acharem o filme ruim (e ele realmente parece ser, talvez não seja um bom exemplo hehehe) ou ficar dispersados durante a sessão e atrapalhando quem quer ver o filme é um pulo.
Noé muitos foram ver esperando acompanhar o conto bíblico tudo como o sagrado livro manda e tomam na cara quando Darren, um judeu, resolveu transformar tudo aquilo num épico.
Concordo que algumas atuações não são lá muito boas e a terceira parte do filme é realmente a menos legal, ainda assim, só a atuação de Russel Crowe e as outras coisas que o filme traz são muito boas e fazem tudo valer a pena. Eu adorei a experiência e, principalmente, a visão e a sagacidade de Aronofsky em conseguir transformar um conto bíblico “bonitinho” em um verdadeiro épico de fantasia.
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É isso, mesmo aceitando que foi o chá, tio Aronofsky força a barra com a escalada de Noé. Acho que ele poderia trabalhar melhor o personagem, tornando-o mais próximo, criando uma empatia que nos fizesse compreender e comprar sua briga. Se é que era sua, do criador ou de quem quer que fosse. É um filme interessante, mas não empolgou.
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Apesar dessa parte não ser muito legal, eu acabei me empolgando com o filme mais pela visão de Aronofsky do que propriamente por comprar a briga de Noé, realmente é difícil ‘aceitar’ aquela guinada final dele. Vamos acreditar no poder do chá de Matuzalém hehehe
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