Divergente (Divergent)

Distopias são comumente utilizadas como avisos ou sátiras das convenções sociais atuais, é tida como a antítese das utopias ou também declaradas como uma forma negativa de utopia. Algumas obras ambientam suas histórias em distopias geralmente inseridas em sistemas totalitaristas de controle e opressão da sociedade, comumente a figura do Estado utiliza o controle por medo e manipulação das informações.

A mais nova franquia jovem-adulta (Young Adult), “Divergente (Divergent)” – adaptada para o cinema da obra literária best-seller escrita por Veronica Roth – claramente bebe na fonte de várias obras distópicas, desde as mais clássicas e cultuadas como 1984 de George Orwell ou Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley até mesmo as mais recentes como Jogos Vorazes escrita por Suzanne Collins, mas infelizmente não consegue o mesmo êxito de suas ‘fontes’ ainda que divirta em alguns momentos e tenha um romance bem construído pela boa química dos protagonistas.

Teste vocacional
Teste vocacional

Na trama futurista depois de um colapso mundial uma sociedade se organiza atrás de grandes muros divididas em cinco facções, Fraqueza (os honestos), Abnegação (os altruístas), Audácia (os corajosos), Amizade (os pacíficos) e Erudição (os inteligentes). Ao completar 16 anos os jovens devem escolher para qual facção deverão seguir o resto de suas vidas. Somos apresentados então a Beatrice (Shailene Woodley, “Os Decendentes“) que quando posta a um teste para ver em qual facção ela possui mais aptidão seus resultados são inconclusivos e, por ser uma ‘espécie’ rara, divergente, ela corre perigo já que eles são vistos como uma grande ameaça para o “equilíbrio” da sociedade.

Ficam clara as metáforas na história ligadas a todo o processo em que os jovens (especialmente os americanos) passam ao chegar perto da maioridade, escolher uma carreira (aqui facção) a seguir, deixar os pais (no caso da protagonista e do seu irmão que escolhem facções diferentes da dos seus pais), ou ainda os ritos de passagem e toda a sorte de grupinhos, os nerds, os descolados, etc, etc. As melhores obras de ficção científica geralmente estão inseridos em distopias, mas sempre que “Divergente” tenta se aprofundar um pouco mais em questões “mais sérias”, acaba soando forçado, chato e, o pior, os alicerces que seguram o roteiro e toda essa sociedade futurista são bastante frágeis e não sustentam muito bem as ideias que são levantadas.

O trunfo do filme e que acaba, por muito pouco, o salvando de um total fiasco está centrado nos momentos de ação (ainda que as lutas não sejam bem coreografadas) e romance. Sim, o romance é bem construído e os atores Shailene Woodley e Theo James demonstram uma boa química em tela. Sem pressa, aos poucos, o espectador começa a querer torcer pelo sucesso do casal, mesmo que não consiga comprar a ideia que Tris/Beatrice seja um exemplo de líder a ser seguida e represente uma grande ameça para os vilões. Aliás, diga-se de passagem, Kate Winslet (“Contágio”) sempre que aparece rouba a cena, uma monstra na atuação (e na história também).

O amor divergente ou seria audacioso?
O amor divergente ou seria audacioso?

Poderia ser menos arrastado, em alguns momentos parece que “Divergente” é até grande demais para pouca “treta”, só que o mais curioso é o fato que o filme (e por tabela também a obra literária no qual ele se baseia) dirigido por Neil Burger, se comparado com outras produções do mesmo gênero, poderia e deveria ser mais ‘divergente’. De qualquer sorte, tem os seus momentos de diversão e deve agradar em cheio o público mais jovem.

***

  1. Para que servem os tatuadores? É só colar uma figurinha e pronto.
  2. Na sessão que eu fui adolescentes em massa vibravam a cada pegada mais forte que o par romântico da protagonista dava na garota. Realmente é fácil “comprar” o romance dos dois, um dos pontos fortes do filme.
  3. Aproximei para cima a classificação que ficou em algum lugar entre 2 e 3 estrelas pela diversão proporcionada na maior parte do tempo e pelo romance bem construído.
  4. Leiam para ontem, 1984 de George Orwell ao invés de perder tempo com livros chamados Detergente, Alvejante, etc.
  5. À moda Harry Potter, o último livro Alvejante Allegiant (Convergente) será divido em 2 filmes, ou seja, a trilogia nos cinemas vai ser uma quadrilogia.

Bom: Classificação 3 de 5

Divergente posterDivergente (Divergent , 2014 – 139 min)
Ficção científica, Romance, Aventura

Dirigido por Neil Burger com roteiro de Evan Daugherty e Vanessa Taylor adaptando livro de Veronica Roth. Estrelando: Shailene Woodley, Theo James, Kate Winslet, Ansel Elgort, Ashley Judd, Jai Courtney, Zoë Kravitz, Miles Teller, Tony Goldwyn, Ray Stevenson, Maggie Q, Mekhi Phifer, Ben lloyd-Hughes e Christian Madsen.

21 comentários sobre “Divergente (Divergent)

  1. Estava ansiosa para ver sua resenha, Márcio.

    Como já havia sido iniciada nessas estórias distópicas (1984, Admirável Mundo Novo e eu, robô) fui assistir “Divergent” sabendo que encontraria no meio do romance meloso de sempre, um pouco das referências bibliográficas citadas mesmo que contadas de conta-gotas e precariamente diluídas.

    Não achei o filme ruim e acho um tanto infeliz que alguns críticos o comparem com outras sagas adaptadas de livros que nem chegam perto (nem em termos de estória, nem de elenco, fotografia em nada). A única comparação mais feliz é a com “The Hunger games”.

    Apesar de parecer arrastado, esse filme tem mais ritmo que Jogos Vorazes, por exemplo. O elenco é barulhento, atores renomados como Ashley Judd e Kate Wislet (Com excelentes atuações). O casal de atores escolhido para viver o romance juvenil tem mais química em cena, contudo eles nos convencem do amor mas não da luta.
    Outro ponto: não entendo a implicância de algumas pessoas com filmes inspirados em sagas adolescentes. Crise de idade?

    Se eu fosse adolescente e tivessem filmes como “The Hunger Games e Divergent” ficaria muito satisfeita e, não seria por causa dos romances melosos não. Nem todo adolescente curte apenas isso, e num país como o Brasil se um adolescente começa seu letramento com Divergentes da vida é possível tirar algum progresso. Falo isso como professora de português em formação e incentivadora da leitura mesmo que signifique à priori o deleite descompromissado.

    O grande problema de “Divergent”, para mim foi a falta de continuidade nas tais questões mais sérias que você falou, o que pode e deve ser ajustado nos próximos filmes.

    Por fim, mesmo discordando de você em alguns aspectos respeito sua opinião. 🙂

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    1. Eu também não achei o filme ruim não, achei até divertido e com algumas boas sacadas como descrevi no texto e também não tenho nenhum problema com lançamentos para “jovens adultos”, assisto todos (ler eu já acho que posso ler coisas melhores hehehe).

      Discordo de ti quando diz que tem mais ritmo que Jogos Vorazes e quanto ao elenco aqui, sei não, mas Jennifer Lawrence dá de 10 x 0 e um grande nome aqui eu vejo apenas Kate Winslet ainda que os protagonistas demonstrem uma boa química.

      De qualquer forma, mesmo a gente discordando em alguns pontos o fato é que não achei o filme ruim, só apontei algumas coisas que eu não gostei.

      Que bom que espera a minha opinião em alguns filmes, fico feliz. Grande abraço!

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  2. eu assisti ontem o Espetacular Homem-Aranha 2, é muito bom..bem melhor que o primeiro..eu pensava que não iria gostar mais acabei gostando.. esse divergente talvez eu encomende com Jack Sparrow kkk

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  3. Postei uma mensagem sobre este filme Márcio, mas tinha sumido. Bom lá vai de novo. Sua avaliação ficou bem próxima da minha e realmente o filme tem algumas coisas que poderiam ter sido melhor exploradas, pelo menos não é aquela bomba.

    Sou muito mais a Shailene do que a Jennifer: EM TUDO! 😛

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    1. Porra man, sua mensagem caiu no SPAM e não apareceu para eu moderar, foi isso hehehe, já que escrevou outra vamos com essa aqui:

      Agora, Jennifer Lawrence x Shailene cara? Shailene manda bem e é uma graça, inclusive recomendo que assista outro filme dela “The Spectacular Now” (peça a Jack Sparrow que não lançaram aqui é de 2013) que inclusive ela atua com outro maluco desse mesmo filme, ainda assim prefiro Lawrence em tudo. Tudo mesmo hehehe

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    1. Algumas coisas na história ficam meio “soltas” sem uma explicação melhor e aprofundada, ai eu estava ouvindo um pessoal comentando sobre os livros e tem coisas que nem a autora dos livros sabe explicar hahahaha

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  4. Marcio você ainda não viu o novo homem – Aranha sorte sua meu amigo filme terrível o Duende Verde parece mais um elfo do que tudo. Esse filme divergente tava a fim de ver mas depois da sua critica meu ímpeto diminuiu.

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    1. Ainda não arrumei paciência suficiente para assistir o novo Homem Aranha, mas ouvi algumas pessoas dizendo que é sensacional. Bom, duvido um pouco disso mas preciso conferir.

      Quanto a Divergente é um filme bem razoável e até divertido, não é nada de outro mundo mas é acima da média das outras produções deste gênero.

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    1. Assisti o Amazing Spider 2 e não achei uma bomba sem limites, Lanterna Verde e Demolidor são bem piores, mas realmente não é um filme muito bom.

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  5. No bom baianês, acho que o filme se enquadra na fação”meeiro”.
    A argumentação da “vilã” em acabar com a natureza humana é, no mínimo, superficial.
    Bom saber que será uma trilogia “de quatro”, assim pouparei meu tempo e não assistirei os próximos (alvejante, pinho sol e bombril).

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  6. Creio que você deveria ler os três livros primeiro pois um completa o outro. A história acaba sendo bastante profunda, e Tris nunca teve o objetivo de ser considerada uma líder, a história é simplesmente sobre uma menina que não sabe quem realmente é e se vê em meio a um conflito que nunca desejou. Ela luta bravamente, enfrenta perdas e faz sacrifícios pro quem ama, o que no final de tudo a torna tudo que ela é, e essa é a verdadeira divergência. O filme não conseguiu distribuir muito bem essa mensagem.

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    1. É uma pena que muitos filmes adaptados de livros não consigam passar a mensagem da obra original. Sem ler os livros e vendo apenas o filme, falta muito para ser considerado algo ‘fora da curva’.

      Se me sobrasse tempo quem sabe eu leria os livros, mas com a vida como está dificilmente farei isso algum dia.

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