Com apenas 300 mil reais de orçamento, levantados pelo diretor Davi de Oliveira e o produtor executivo Isidoro B. Guggiana, “Porto dos Mortos”, além de ser o primeiro longa-metragem de horror do Rio Grande do Sul, pode ser considerado uma vitória do cinema independente nacional. Ainda que o título remeta aos filmes de Romero, “Porto dos Mortos” é mais do que um simples filme de zumbis, ele abre as portas do inferno num lugar cheio de perigos, índios assassinos, demônios, caubóis e um anti-herói com sua espada samurai procurando sobreviver a toda essa loucura desse universo paralelo.
A trama acompanha um policial vingativo (Rafael Tombini) que está em uma perseguição num mundo devastado onde as regras da realidade são ditadas por magia e loucura. Ele encontra em seu caminho grupos de sobreviventes. Alguns violentos, outros apenas tentando reconstruir suas vidas neste novo mundo cheio de ameaças sobrenaturais, onde o pouco que restou da humanidade só enxerga o início de sua extinção.
Os zumbis existem e são importantes para a construção da trama e ambientação neste universo insano, mas eles estão claramente em segundo plano e são poucos. Quem for assistir a “Porto dos Mortos” esperando sobreviventes tentando aniquilar hordas de zumbis é melhor rever seus conceitos e ampliar um pouco mais a sua visão. O filme traz diversas referências (ou homenagens se preferir) a várias produções do gênero horror ou apocalípticas, desde obras literárias como “A Torre Negra” de Stephen King, passando por filmes do gênero western spaghetti ou policial, até mesmo a obras como “Mad Max”.
Em alguns momentos o som parece fugir um pouco e tem uma ou outra atuação que poderia ser um pouco mais caprichada (a própria cena de abertura ainda que remeta a vários personagens clássicos do cinema poderia ter uma luta melhor coreografada), mas fica claro que os pequenos problemas encontrados em “Beyond the Grave” (o título internacional é muito bom) estão intrinsecamente ligados à falta de incentivo e apoio que produções nacionais que fujam do padrão Globo de cinema encontram pela frente, mas nada disso chega a atrapalhar muito.
Fazer cinema é algo difícil, ainda mais com pouco orçamento e incentivo, mas “Porto dos Mortos” se mostra mais do que uma divertida e interessante produção, é uma vitória do cinema independente nacional que consegue mesclar diversas referências bacanas a grandes obras clássicas do cinema e da cultura pop. Um verdadeiro road-movie de horror e fantasia que tem de tudo, zumbis, demônios, caubóis, vilões e um carro poderoso e envenenado que carrega um vingador do fim do mundo contra o mal absoluto.
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- Se interessou? Assista “Porto dos Mortos” no Netlix.
- A palavra ‘zumbi’ nunca é utilizada. Os mortos vivos são chamados de ‘coisas’ ou ‘retornados’ em homenagem ao clássico de terror italiano Dellamorte.
- Com exceção de um personagem secundário, ninguém é chamado pelo nome durante todo o filme.
- De zero a 10 eu dou uma nota 7 ao filme por tudo o que ele representa.
- Cuidado com o cara que anda…
Porto dos Mortos (Beyond the Grave, 2011 – 89 min)
Horror, Fantasia.Um filme de Davi de Oliveira Pinho com Rafael Tombini, Alvaro Rosacosta, Ricardo Seffner, Amanda Grimaldi, Luciana Verch, Leandro Lefa, Tatiana Paganella e Adriano Basegio.
Eu já tinha lido sobre esse filme e tinha falando que tinha no netflix.
Qualquer dia desses eu assisto.
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Eu tinha ouvido falar nesse filme quando ainda estava em produção, lá pelos idos de 2007/2008 por ai…
Daí o produtor executivo entrou em contato comigo e me enviou uma cópia do filme. Para quem tem Netflix vale muito à pena conferir.
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