O Expresso do Amanhã (Snowpiercer)

Ficções científicas ambientadas em distopias geralmente dão muito o que falar, e o universo distópico criado para “O Expresso do Amanhã (Snowpiercer)” – primeiro filme em inglês do diretor coreano Joon-Ho Bong do ótimo “O Hospedeiro (2006)” – é uma das mais criativas e interessantes dos últimos tempos. Ela simplesmente reduz ao ‘microcosmo’ de um trem, que está em movimento contínuo ao redor do planeta, diversas discussões filosóficas, sociais e existenciais da raça humana com direito ainda a alguns ‘belos’ banhos de sangue.

Baseado em HQ francesa chamada ‘Le Transperceneige’, a trama é ambientada em um mundo apocalíptico em que uma nova era do gelo, criada após um experimento fracassado para frear o aquecimento global, exterminou quase toda a população da Terra. Os poucos e últimos sobreviventes se encontram a bordo de um trem que está em constante movimento ao redor do planeta segmentados socialmente entre os vagões, os mais pobres com péssimas condições de vida no fundo e os mais ricos nos vagões mais a frente.

Snowpiercer

A insatisfação da turma do fundão faz emergir uma revolução e, a partir daí, o filme se desenrola com ótimas cenas de ação, violência e, como qualquer distopia que se preze, discute sobre diversos temas inerentes à nossa realidade por meio de sátiras e ‘avisos’ que estão intimamente ligados com a sociedade em que vivemos.

Além de possuir cenários muito bem feitos e que remetem totalmente a situação de cada um dos vagões (note como os últimos são bastantes sujos e cinza), as cenas de luta são pontuais e muito bem realizadas. O próprio espaço diminuto que os passageiros encontram dentro dos vagões contribuem para intensificar ainda mais essas cenas que são bem violentas e que remetem bastante a verdadeiros jogos de pancadaria. A cada vagão, um novo desafio, um novo obstáculo, e assim vamos seguindo um rastro de morte e destruição até o primeiro vagão.

o expresso do amanha

Com uma direção bastante sólida e um roteiro que sabe entregar no momento certo cada um dos detalhes que sustentam a história do filme, “O Expresso do Amanhã” ainda conta com um elenco estrelado e muito bem afinado. Chris Evans (o “Capitão América”) está muito bem em seu papel e conta ainda com coadjuvantes de peso como John Hurt (“The Confession”), Ed Harris (“Sem Dor, Sem Ganho”) e até mesmo Kang-Ho Song (figurinha carimbada em diversas produções coreanas de sucesso, incluindo “O Hospedeiro”), dentre outros nomes conhecidos. Só que quem rouba a cena sempre que surge é Tilda Swinton (“Moonrise Kingdom”) que está simplesmente espetacular (e quase que irreconhecível) em sua personagem doidinha. Seu discurso sobre o lugar do sapato e do chapéu é muito contundente e diz muito sobre a trama em que se sustenta boa parte da história do filme.

Nem tudo é perfeito, existem alguns pequenos problemas e é preciso de um pouco de força extra na tal “fé cênica” que sustenta (ao menos tenta) algumas ideias levantadas no filme, desde o trem com movimento perpétuo até alguns vagões meio difíceis de aceitar, mas até que roteiro tenta costurar tudo direitinho, inclusive algumas coisas atrozes que são realizadas “pelo bem maior” e que não chegam a atrapalhar tanto a diversão e reflexão que o filme traz consigo.

snowpiercer

Porque algumas pessoas não tem um braço? Porque as crianças de tempos em tempos são levadas? O que é essa tal barra protéica que eles comem? Como esse trem se mantém nesse movimento ‘perpétuo’ ao redor do planeta? São apenas algumas das várias perguntas que vão surgindo e que são todas respondidas a seu tempo, enquanto passeamos de vagão em vagão, como se fossem fases de um bom game, algumas mais violentas, outras mais contemplativas, até chegarmos ao fim que, verdade seja dita, ainda que não seja completamente satisfatório pelo menos vale pela incrível viagem que é “O Expresso do Amanhã”. Uma obra que com o tempo (não duvido) deve se tornar um cult da ficção científica da sétima arte.

***

  1. Snowpiercer pode ser traduzido como “picador-de-gelo”.
  2. Este é o terceiro filme ambientado em uma distopia em que Jonh Hurt participa. Antes ele fez “1984” e “V de Vingança“.
  3. Podem me cobrar, daqui a uns 20 anos esse filme se tornará sim um cult. Claro, só quem estiver vivo me cobre, não quero ninguém puxando o meu pé na cama enquanto estiver dormindo.
  4. Poesia visual para o fim do mundo, li isso em algum site e realmente diz muito sobre o filme.

Ótimo: Classificação 4 de 5
Ótimo: Classificação 4 de 5

snowpiercer-posterExpresso do Amanhã (Snowpiercer, 2013/2014 – 126 min)
Ficção Científica, Ação

Dirigido por Joon-Ho Bong com de Joon-Ho Bong e Kelly Materson. Estrelando: Chris Evans, Tilda Swinton, Jamie Bell, Luke Pasqualino, John Hurt, Alison Pill, Ed Harris, Octavia Spencer, Kang-Ho Song e Ah-Sung Ko.

7 comentários sobre “O Expresso do Amanhã (Snowpiercer)

  1. filme ODIOSAMENTE RUIM !

    putaqueopariu, nao acredito que joguei meu tempo no lixo !

    historia RIDICULA, FURADISSIMA, personagens fraquissimos, insipidos, cliches, uma verdadeira porcaria !

    POR QUE caralho existem os POBRES, se nao prestam para NADA exceto para ser mal-tratados ?

    o mocinho é um bosta, que no fim ainda tentam inventar um passado cretino sofrido, vazio !

    os ruins sao super ruins e escrotos A TOA !

    mais um filme onde as maioria pobre oprimida pelos ricos é libertada por um salvador heroi. Uma vulva !

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    1. Cara, não concordo contigo, pode não ser uma obra prima, mas a representação do trem funcionou muito bem como um microcosmo da sociedade, onde os mais ricos são privilegiados e os mais pobres se fodem para manter o mundo dos ricos em perfeita ordem.

      E você não viu que as crianças que faziam um trabalho escroto no primeiro vagão viam dos pobres? Como assim eles não serviam para nada?

      Grande abraço.

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      1. bom amigo, cada um tem sua opiniao…

        cara… os caras fazem um trem que SALVA A HUMANIDADE mas… desenharam MAL (???) ele e só cabem CRIANÇAS para mexer no “motor” ? e para isso CARREGA um monte de mendigos comedores de baratas que se revoltam periodicamente ? os caras nao prestam para nada, po ! pelo menos no Matrix serviam para gerar energia… Um pouquinho de coerencia ia bem, mesmo sendo uma ficção.

        os personagens parecem pinçados de outros filmes ! aquele bla-bla-bla infinito e tosco entre os 2 no final, PRA QUE ???

        o cara mal, de terno. Brigas sofisticadas de artes marciais. O japones drogado que é jet li !

        e se tinham balas, metralhadorinhas legais, por que nao arrepiaram todos logo de cara !

        sei lá, as cenas de ação pelo menos até que sao legais. Tipo “300” meio tabajara, mas ok…

        abs

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      2. O filme é baseado numa HQ e é uma ficção científica, não é pra ser totalmente real e plausível, concordo e como falei no texto que algumas coisas é preciso ter uma fé cênica muito forte para relevar.

        Mas é isso aí, é questão de gosto e opinião.

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