Envolto em polêmicas, grande sucesso de bilheteria nos EUA e com 6 indicações ao Oscar de 2015, “Sniper Americano (American Sniper)” é o tipo de obra que divide opiniões e traz algumas reflexões importantes a serem discutidas (ou não). Sem entrar nos méritos a respeito do personagem principal, se ele deve ou não ser tratado como herói, a verdade é que a direção do grande e incansável Clint Eastwood e a dedicação de Bradley Cooper são os trunfos deste que é (em minha opinião fecal) o menos interessante dentre os 8 indicados ao Oscar de melhor filme deste ano de 2015.
Baseado em um livro autobiográfico, a trama acompanha a trajetória de vida de Chris Kyle (Bradley Cooper, “Trapaça“), um típico texano que após ver o atentado do 11 de Setembro em 2001 resolve entrar para a marinha americana fazendo parte da tropa de elite dos SEALs. Lá ele se torna um atirador de elite (sniper) e, aos poucos, vai se tornando uma lenda para todos os solados.
Mais de 150 mortes foram atribuídas para Chris Kyle e, como o filme mostra, ele é considerado um herói americano pelos seus feitos. O longa tenta apresentar os dois lados da moeda e, de certa forma, justificar as suas mortes como uma forma de proteção, afinal, para cada “selvagem” que matou ele salvou dezenas e dezenas de vidas. O patriotismo que os americanos possuem para muitos é exagerado, seus filmes não se cansam de o exaltar e a quantidade de bandeiras dos EUA hasteadas e tremulantes que qualquer cinéfilo já viu na vida deve ser maior do que o número de estrelas em nossa galáxia.
A direção de Clint Eastwood é bem segura. Ele consegue se manter longe do melodrama barato e, com auxílio da boa atuação de Cooper que treinou muito para ficar fisicamente parecido com o real Kyle, consegue apresentar todo o drama que é vivido por muitos soldados que vão para a Guerra, a dificuldade de ‘voltar ao mundo real’ quando estão em suas casas. Só que esse drama já foi mostrado de forma magnânima em “Guerra ao Terror” e aqui, apesar dos esforços da atuação de Sienna Miller (“Foxcatcher“), tudo fica com cara de “já vi isso antes“.
Existem momentos de muita tensão, em especial num combate que rola quase no final do filme em meio a uma grande adversidade natural, e é possível em muitas partes sentir a pressão nos ombros e no dedo no gatilho do sniper. Ainda assim, “Sniper Americano” é tedioso em algumas partes e não traz nada do que não já se tenha sido discutido por outras obras mais interessantes.
Não fosse por suas qualidades técnicas e pela grande qualidade que Eastwood carrega em seus trabalhos, não teria muito o que se salvar aqui. O que torna alguém um herói de verdade? Por mais que seja lento e sem grandes atrativos, essa é a grande discussão que o filme deixa como legado.
***
- Com a indicação ao Oscar de melhor ator pelo seu personagem neste filme, Bradley Cooper se tornou o 10º ator (do sexo masculino) a conseguir 3 indicações consecutivas. Em 2012 ele foi indicado por “O Lado Bom da Vida” e em 2013 por “Trapaça”.
- O verdadeiro Chris Kyle disse que se existia uma pessoa capaz de fazer o filme dele essa pessoa seria o Clint Eastwood.
Sniper Americano (American Sniper, 2014/2015 – 132 min)
Drama, Biografia, GuerraDirigido por Clint Eastwood com roteiro de Jason Hall adaptando livro escrito por Chris Kyle, Scott McEwen e James Defelice. Estrelando: Bradley Cooper, Sienna Miller, Luke Grimes, Jake McDorman, Cory Hardrict, Navid Negahban, Keir O´Donnell e Kyle Gallner.
tenho boas expectativas para este… sou fã do gênero. mas como você mesmo apontou, estou sentindo que terei um deja vu ao assistir… veremos.
CurtirCurtir
Tem suas qualidades por conta de Clint, mesmo tendo alguns clichês do gênero.
CurtirCurtir
Não acho o filme tedioso, é até bem conduzido, mas muita coisa me incomoda nele. E realmente, a grande pergunta é: O que é um herói?
CurtirCurtir
Se fosse no Playstation com 150 mortes e a maioria por headshot, com certeza ele teria muitos trófeus hehhe
CurtirCurtir
Não achei que teve parte tediosas, mas entendo o que vc quer dizer.
CurtirCurtir
Achei tudo com cara de “já vi isso antes e melhor feito” que acabou me entediando um pouquinho, mas é um bom filme ainda assim.
CurtirCurtir
Como já disse lá na minha visão sobre o filme Márcio eu tenho outra maneira de ver a obra e sua abordagem, para mim muito mais humana do que a distância que predomina em Guerra ao Terror.
CurtirCurtir
E essa é justamente uma das maiores ‘graças’ do cinema, a capacidade de cada um ter sua própria visão e abordagem diante de um filme 🙂
CurtirCurtir
Apelidei de “Guerra ao Terror 2”, pois mostra com mais detalhes os motivos de um soldado ficar ansioso para retornar ao campo de batalha. Imagino como Clint deve ter recebido essa declaração do verdadeiro Kyle.
CurtirCurtir