Não cabe nos dedos a quantidade de adaptações do senhor Stephen King que já foi para o cinema. Ao todo foram mais de sessenta adaptações. Agora um dos seus livros que ganhou um filme em 2017 e alcançou cerca de 4,4 milhões de espectadores no Brasil, retorna aos cinemas com uma continuação, IT: Capítulo 2. Para encerrar a história que foi apresentada no IT: A COISA, temos o retorno do diretor Andy Muschietti (MAMA – 2013) retratando como as crianças ficaram traumatizadas pela experiência juvenil e o desafio que elas terão ao enfrentar, novamente, A COISA.
A sequência de IT começa muito bem, prendendo a atenção dos espectadores com a volta do palhaço aterrorizante. Com isso, somos apresentados de maneira rápida à temática do conto que passa pelo valor das memórias e a importância de vencer traumas. Percebemos como a cidade de Derry ainda sofre com os acontecimentos que envolveram A COISA, e como Bill Skarsgård foi a escolha certa e magnífica para o papel do palhaço – nos brindando com sua atuação a cada aparição. Aos poucos vemos que os personagens Richie, Stanley, Beverly, Ben, Bill, Eddie e Mike precisam encarar novamente seus medos pois a entidade maligna em forma de palhaço, Pennywise, retornou.

A escolha dos atores para viver a versão adulta das crianças foi um grane acerto, a semelhança é inacreditável. Jessica Chastain ( Beverly), James Mcavoy ( Bill) e Jay Ryan (Ben) souberam retratar bem seus personagens crescidos, mas um dos pontos altos do filme são Bill Hader ( Richie) e James Ransone (Eddie) que estão excepcionais nos papéis. A dupla ficou responsável pela parte cômica do filme na medida certa, equilibrando o ritmo. Já Isaiah Mustafa (Mike) ficou sendo um ponto importante para desfecho da história.
É visível em algumas cenas a existência de diálogos muito óbvios, os personagens interagiam entre si falando de maneira redundante deixando algumas sequências desconfortáveis. Dando aquela sensação de uma duração excessiva da história. Além disso, o roteiro do filme ficou prejudicado. Primeiro, nas diversas vezes que para ao explicar algo que já foi explicado na sequência anterior ou acaba não explicando de maneira apropriada. E o segundo ponto que envolve a ordem de algumas imagens vistas que poderiam ter sido alteradas para a trama ficar mais cativante.
Apesar dessas questões, IT 2 apresenta vários elementos que sustentam o seu selo de um bom filme, como, por exemplo, um ótimo elenco, o jogo elegante da câmera do diretor e a abordagem fiel ao material original. As cenas de flashback que envolvem as crianças são incrivelmente bem encaixadas e bem orquestradas, o figurino é assombroso e as criaturas macabras são admiráveis e horripilantes, resultado dos efeitos visuais. Andy Muschietti, fã de King, não perdeu a oportunidade de deixar pelo seu filme referências de outras obras do escritor.

IT 2 é um daqueles filmes que nos perguntamos o porquê do diretor ter retratado a história por meio da ordem das imagens que vimos, e a resposta, consequentemente nos apresenta a chave secreta do filme, permitindo que tudo nele fale conosco. O filme pode ter suas falhas, mas seu conto transmite que é importante enfrentar seus medos independente das memórias guardadas.
