Crítica | Parasita

Parasita representa o diretor Bong Joon-ho em seu ápice criativo. Ele entrou em evidência com os ótimos The Host, Mother, Snowpiercer e Okja e agora está ainda mais confiante, nos proporcionando uma experiência que funciona em diversos níveis.

Ao ser contratado como tutor de inglês de um garota rica, Ki-woo Kim vislumbra uma oportunidade e elabora um plano ambicioso. Vivendo em uma Seul pobre e sofrida, a família Kim se desdobra para botar comida na mesa e para manter a internet conectada. Eles vivem literalmente num nível abaixo da rua e frequentemente são obrigados a testemunhar um bêbado vomitando e se aliviando na frente deles. Ki-woo não vai desperdiçar a chance de introduzir seus pais e sua irmã na mansão dos Park, cada um com um trabalho. Tudo parece correr bem até um bizarro e ameaçador segredo que se esconde na casa ser revelado.

Bong Joon-ho mostra em Parasita que é capaz de alternar gêneros com uma impressionante fluidez. O tom leve e satírico do início vai aos poucos se transformando em algo diferente. Notei uma atmosfera hitchcockiana nos momentos mais tensos de Parasita, tamanha a habilidade do diretor atrás das câmeras. A atmosfera muda bastante e o resultado final é dos mais imprevisíveis e tensos.

Apesar dos vários estilos, a crítica social está sempre presente em Parasita. Trata-se de um diretor engajado escancarando as mazelas da sociedade coreana, algo nem sempre visto por nós ocidentais. Ele faz isso de diversas formas, tanto com sequências que permitem analogias e simbolismos, como em diálogos e até mesmo no título do filme. A interpretação mais fácil do título é considerar a família Kim como os parasitas da trama, mas o que vamos percebendo é a tamanha desigualdade social e como isso vai afetando os menos favorecidos.

Talvez o momento mais marcante de Parasita seja a chuva torrencial que cai em uma noite específica e nos dá mas um exemplo do abismo social. Enquanto o filho dos Park se diverte em uma aventura na chuva, os Kim enfrentam uma inundação avassaladora que mais parece um tsunami, destruindo seus poucos pertences e minando suas perspectivas.

Poucas coisas são mais perigosas do que um ser humano sem perspectivas, algo que vimos em Coringa e agora nesse maravilhoso Parasita. Isso é cinema feito por gente grande para um público que quer um algo a mais.


Classif.: 5 de 5

Parasita

Título Original: Gisaengchung
Direção: Joon-ho Bong
Roteiro: Joon-ho Bong, Han Jin Won
Elenco: Kang-ho Song, Sun-kyun Lee, Yeo-jeong Jo
Ano: 2019
Duração: 2h 12min
Info: IMDb

2 comentários sobre “Crítica | Parasita

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